segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Metáforas da vida - a tartaruga e o escorpião


Era uma vez...

A tartaruga em sua bondade natural resolveu ajudar o escorpião atravessar o rio, mesmo sabendo dos riscos de levar uma picada. Por reconhecer a difícil situação em que se encontrava o escorpião, que após uma tempestade foi arrastado para um lugar o qual morreria isolado, teve empatia e ofereceu ajuda para atravessar as águas até um local seguro. O escorpião sobe no casco da tartaruga e ela segue em direção à terra firme. Quando estavam próximos do local seguro o escorpião não hesita e ferroa a tartaruga que morre. O escorpião sobrevive. 

Isso não é sobre animais!

Há vários contextos para essa história. Na vida real, na maioria das vezes, a tartaruga apenas se fere. E se fere muito mais de forma emocional e psicológica. Porque a dor da traição de quem você tanto ajudou é algo que se torna indigesto, traumático e lhe retira a vida. Cuidado ao abrir as portas de sua casa, de sua vida e do seu coração. Em muitos relatos o agressor vem disfarçado de vítima e, enquanto suga sua energia e seu tempo, arquiteta a forma mais desumana de roubar sua vida. 

Já dizia Augusto dos Anjos em Versos Íntimos:
"A mão que te afaga é a mesma que te apedreja."

Cuida!

terça-feira, 30 de setembro de 2025

A busca - por Lu Costa

Com imenso prazer apresento essa obra que dispensa comentários. 
Lu Costa, amiga querida, graduando em Psicologia, mãe atípica,
esposa, irmã e filha, uma mulher potente em suas convicções,
em sua trajetória e principalmente naquilo que se dispõe a fazer.
Dessa arte desenhada em palavras, surgem perguntas e na
maioria delas a resposta está nas entrelinhas de seu
pensamento aqui expressado. Não cabe a mim tecer
qualquer explicação. A escrita é uma obra a ser lida,
sentida com os olhos da alma. Nesse percurso de dúvidas
e sentimentos, Lu pintou um quadro com lágrimas de dor
e de esperança com palavras que exalam vida. Sem mais delongas,
eis que um recorte me inspira a imortalizar essa obra:
"E talvez, apenas talvez, a própria busca já seja a resposta."


Uma busca incessante incendeia meu coração. Olho para os lados como quem espera que a resposta venha de algum lugar. Olho para o céu azul e vejo apenas nuvens e pássaros. Pergunto-me: o que buscas? O que te falta?

E o silêncio dentro de mim se mantém. Não sei dizer. Seria dinheiro, um carro novo, um bom emprego, status? Não tenho a resposta certa, mas sinto que essa busca vai muito além das coisas efêmeras deste mundo. Seria tempo de qualidade, uma ligação, um abraço de quem se ama? O que você busca?

A pergunta se repete dentro da minha alma. Talvez eu até tenha a resposta. E, como uma mãe que protege o filho de algo que possa feri-lo, minha psique, essa mãe protetora, me guarda dessa verdade. Mas por quê? O que essa resposta poderia trazer?

Seria a decepção de perceber que passamos nossas vidas presos a coisas materiais, a futilidades, perdendo tempo sem saber ao certo o sentido da vida? Ou seria porque a realidade é simples demais para aceitá-la? Simples demais para reconhecer que a resposta está no sol que aquece todas as manhãs, no brilho dos olhos daqueles que amamos, esse brilho que quase nunca paramos para admirar. Está no silêncio daqueles que se calam, na flor que desabrocha, no alimento que sustenta o corpo e na oração que sustenta a alma.

O que você busca? Ainda não tenho essa resposta. Mas a angústia e o anseio do porvir fazem meu coração bater mais forte, correr como quem tem uma viagem marcada e quer aproveitar ao máximo os dias neste lugar tão misterioso. E talvez, apenas talvez, a própria busca já seja a resposta. Talvez seja esse caminho incerto, cheio de perguntas, que nos ensina a ver o que sempre esteve diante de nós.



Lu Costa
@lu.costa_pereira

domingo, 24 de agosto de 2025

Do vínculo ao vácuo

25/4/24 - 14:41

Do vínculo ao vácuo
Há aí um longo atravessamento
Do plano ao limbo
Há aí um longo deserto

Processos
O processo do desapego
Um corte abrupto, incisivo, profundo
Ou tentativas de fatiar com elemento cego
O descaso e o abandono
O sequestro emocional 
O sequestro de você
O sequestro de sua identidade
O sequestro de sua personalidade
Totalmente roubada com sua permissão

É no atravessamento, não do solo
Mas sim do pensamento, da alma
Que a transformação se tece
Noite vem, sol amanhece
Pesadelo inquietante 
Acordado e retumbante

Solo Sagrado


segunda-feira, 18 de agosto de 2025

As dores da existência



Meus olhos 
Ah, quantos horizontes vislumbraram?
Quantas lágrimas rolaram?
Quantas vezes se perderam?
Quantos desertos já viveram?

Meus olhos
Já foram janelas
Janelas que espelham a alma
E hoje parecem celas
Cárcere do coração que ama

Meus olhos já mergulharam sob o caos
Se perderam nas trincheiras do mundo
E sorriram diante dos cenários de paz
Buscaram refúgio na reciprocidade aquecida da amizade 
E se forjaram diante das esquecidas tempestades

Meus olhos, já cansados
Se recolhem à penumbra da solidão
Desafiam os dias de verão
Não se deixam abater na escuridão
Meus olhos, ainda sofrem pela dor
Mas nunca deixaram de eternizar o amor

Com meus olhos
Vivo o primeiro dia 
Do resto da minha vida
Sem mandamentos em meu pensamento
E um modo sobrevivência ativado
De guerreiro incansável
A pacificador inconformado
Ah, meus olhos ainda sonham acordados

Qual é o seu lugar seguro?



Meu lugar seguro é um não lugar
É feito de pensamentos, 
De momentos,
De sonhos,
De coração
De sangue que pulsa nas veias

Meu lugar seguro não está num horizonte
Pode estar no céu
Pintado em cores de saudades
Sentido em dores de um vazio
Reverenciado nos caminhos trilhados
Nas lembranças do que me foi ensinado

Meu lugar seguro tem cheiro
Tem tempero
Tem calor
Tem valor
Tem colo
E amor com dolo

Meu lugar seguro tem ouvidos atentos
Tem olhar que escuta
Tem boca que silencia
Sentimentos em cores que irradia
Provoca minha melhor versão
Amizade eterna do coração

Meu lugar seguro está em mim
No deserto consciente sem fim
Na memória do que já foi vivido
Nas derrotas que me puseram reerguido
No solo que sustentaram meus passos
No aconchego protetor do abraço