sábado, 20 de junho de 2015

Carta de um errante solitário


A verdade é que nunca esqueci as distantes marcas
Assim como guardo o livro aberto
Daquele que docemente me abandonou
Guardo de ti o fel e o mel
Do passado que me corrói
Até a disputa do amor tão presente
E assim me pus a te deixar,
Todo dia um pouquinho
O medo de seus fantasmas te tirarem de mim
Foi mais forte e me fez reagir,
Na certeza de tão só prosseguir
A construção que pensei para nós
Só serviu para construir muro ao meu redor
O que eu passei no tempo de sua transição
Na verdade, me fez arrepender de ter-me entregado tanto
Descobri agora que o perdão não é uma opção
É uma luta diária onde o passado é vilão presente
Maior que a dor tem que ser o desejo de libertar-se
Aprendi, agora sei, mas não pratiquei... ainda não
O tempo e a ausência sua me ensinarão
Mais uma vez pela dor e a solidão
A levantar e caminhar...
Não soube e talvez nunca saberei esquecer-te
Tampouco das marcas da sofrência
Não desejei vingança
Mas afastar-me foi minha necessidade
E assim lapidei meu coração
Esfriei meu sentimento
E me coloquei na vala da solidão
Minhas crises eram luzes
Minhas luzes foram sombras
E nelas repouso em silêncio...
  


"Você pensa que quer desaparecer, mas tudo o que realmente quer é ser encontrado." (Autor desconhecido)


"Se existe uma solidão em que o solitário é um abandonado, existe outra onde ele é solitário porque os homens ainda não se juntaram a ele." (André Malraux)


"Na solidão, o solitário devora a si mesmo; na multidão devoram-no inúmeros. Então escolhe." (Friedrich Nietzsche)