quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Até um dia...





Faltam-me palavras...
Faltam-me respostas...
Falta mesmo o seu latido
O seu olhar, o seu sorriso
O seu cheiro e a sua presença
Cheia de alegria e brincadeira
O seu jeitão calado
De olhar compenetrado
Falta você, meu querido Tufão


Eu busco um consolo em palavras
Na esperança de que algo
Possa dar uma notícia sobre o seu destino
E assim amenizar a dor pela tua ausência
Olho pro céu, na imensidão da noite
E tento te encontrar em uma estrela qualquer
Sucumbe-me o ser em lágrimas
Com um fardo de culpa sem precedentes
Ao imaginar que tudo poderia, talvez, ser diferente...
Esforço-me para seguir a rotina
Dos dias que sucedem a tua partida


Você era o primeiro a acordar
Era o primeiro a nos acordar
Ao sentir que havia alguém de pé
Chorava em nossa janela
Você, comandava a orquestra dos uivos
Entre o escândalo dos latidos
Simplesmente porque a gente saía
Sim, seu gordão, você era escandaloso
Lindamente escandaloso


Você adorava quando jogávamos graveto
Pegava e escondia para que repetíssemos a brincadeira
Colecionava pedras, gostava de esparramá-las na área
Vigiava o portão dia e noite
Atento a qualquer movimento estranho
Era o bebezão da família
Não pulava, não mordia,
E não gostava de banho
A não ser, banho de terra
Se jogava quando íamos te pegar no colo
E como você adorava um colo!
Principalmente o do Felipe...
Vocês passavam horas juntos...
E o Felipe te carregava feito criança...


O kinzé tem ainda algumas marcas da última briga de vocês
Você, tão calmo quanto forte,
Evitava confronto mas se preciso mostrava tua força


Seguir a vida sem você não está fácil!
Ao abrir o portão você também era o primeiro a bisbilhotar a rua
Olhava pra cima, pra baixo e retornava em seguida
Chorava quando eu partia
Chorava como se eu não fosse voltar
E assim era com todos que saíam de casa


Sei que de nada adianta escrever
A não ser registrar aqui o meu sentimento
Num desabafo sem resposta
Mas carregado de saudade
E de dor...


Continuaremos cuidando da Mel, sua irmã, e do Kinzé
Eles também sentem muito a sua falta...
Os buracos na terra do quintal permanecem
Era só você que tinha essa mania
E a gente adorava te ver nadando na terra
Ou deitado nos buracos para se refrescar...
Tufão, sua vida aqui foi curta demais
Não podia terminar assim...
É difícil entender tudo isso
E mais difícil ainda continuar a rotina dos dias...
Você foi único e continuará vivo em nossos corações


Acredito que já esteja num jardim
Onde existe terra em abundância
Com árvores sombreando em todo lugar
No mínimo deve ter corrido muito atrás das aves
E depois de cavar alguns buracos
Mergulhou na terra para refrescar-se e descansar
Imagino o quanto o seu focinho está marrom de terra
Ah, menino danado, gordo, negão lindo, bebezão, chorão...
Espero que tenha encontrado a Bela...
Como diz o Felipe: saudades de você, bebê...
Esse não será um adeus
Apenas "até um dia"...


Obrigado por nos fazer felizes
Obrigado por transmitir amor
Obrigado, meu amigo e companheiro...

Nosso Eterno Tufão...