quinta-feira, 9 de maio de 2019

Vale das ausências


Não são poucas as vezes que nos deparamos com o vale das ausências e nela quase nos afogamos em meio as tentativas de encontrar não somente mas principalmente respostas, ou talvez, pessoas.

Há quem nunca tenha experimentado tal sentimento mas existem os que sobreviveram a uma dolorosa travessia por esse vale. E desses sobreviventes cada um encontrou o meio que melhor lhe serviu: religiões, orações, bebidas, drogas, psicotrópicos, terapias ou simplesmente tempo, silêncio e solidão. 

É algo que não cabe julgamento no que tange o declínio ou superação quanto ao que se viveu e sentiu, mas é fato que isso é algo que não merece ser repassado principalmente às pessoas próximas. Na verdade o fato de ter vivenciado ausências não me permite colocar as pessoas que amo a experimentar esse mesmo vale. É uma questão de escolha.

E escolhendo não repetir situações ou erros, que outros utilizaram como desculpas para suas ausências, eu também me permito superar e encerrar questões sem respostas ou mal resolvidas. 

Das opções acima descartei praticamente todas as possibilidades para atravessar esse vale. Acompanharam durante certo tempo a religião, as orações e súplicas, e as minhas auto-terapias intercalando tempo, silêncio, solidão e poesia. Sobreviveu apenas a poesia. 

Das sobras do que marcou profundamente ficaram apenas marcas envelhecidas, escurecidas pelas ausências e quase apagadas pelo tempo como uma fotografia de jornal, ainda assim, guardada como relíquia e sinônimo da superação sobre a dor.