sábado, 23 de janeiro de 2021

Sob o tempo, tempestades e calmarias



Sobre o tempo que precedeu o olhar entre almas
Na trilha dos sentimentos permaneciam dessentidos 
Entre prosas e versos, canções e emoções, dia após dia
Um sólido e improvável alicerce de amor se erguia

Sobre o tempo que desnudou além do olhar
Seguia-se um ritmo próprio, eloquente e ousado
Entre a emoção e a razão, a esperança e a fé
Um abraço, um tato, um descompasso, um café

Sobre o tempo que brilhou em tantas cores
Em papéis, tecidos, suores e gemidos
As cem razões para acreditar e pintar
Nunca antes houve algo que valesse tanto a pena lutar

Sobre o tempo que ressoou em acordes de violão
Reverberou por entre a areia do tempo seguido
Se pudesse cantaria cada nota no mesmo tom
Sem aumentar nem diminuir a dança nem o som

Sobre o tempo o cheiro do entrelace dos corpos
Sobre a simplicidade das cores e das almas
Percorria seu rastro pela terra, pelo mar, pelo ar
Num sussurro, o céu era o limite a sonhar

Sobre o tempo viajamos porteira adentro
Sem regras, nem limites, nem porem 
O único ponto era o da saudade permanecida
O tempo para nós era a continuidade de outras vidas

Cada segundo do meu tempo, 
O relógio teima em correr contra
Inteiro, porém dividido entre nossos mundos
Me agarro no que há de mais puro e profundo

Cada nota que meu violão toca
Já não ressoa nem vibra, só chora
Espera ansiosa por seu abraço
Pra tirar a dor, a saudade e o cansaço

Razões para crer nunca faltaram
Cada olhar foi para além das palavras
A gota do perfume em prosas e versos
Cores, sabores, a magia do universo

Sob o tempo, estamos nós
Entre tempestades e calmarias
Sobre o tempo, sobre nós
Dor de saudade, prosas e alegrias

Sob o tempo, o caminho se faz
De um jeito que fingimos ser normal
Pode o tempo demorar a passar
Mas nunca será um ponto final...