RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E CRIATIVIDADE
Introdução
O
presente trabalho tem por objetivo apresentar um programa criado por um grupo
de alunos do curso de Psicologia da Unitri, exclusivamente para pessoas com
obesidade, as quais apresentam dificuldade em perder peso.
Visando
uma melhor qualidade de vida para essas pessoas com diversos tipos de
obesidade, o grupo de alunos empenhou-se em angariar recursos e mão de obra
qualificada para garantir que o programa tivesse não apenas um resultado positivo
para os participantes, mas pudesse ser o início de um ciclo de mudanças de
hábitos para toda a comunidade do bairro que foi escolhido como pioneiro desse
projeto, com vistas para ampliar para toda a cidade de Uberlândia.
Para
tanto, foi necessário muita dedicação, disposição e trabalho em equipe para
planejar, organizar, avançar e recuar quando necessário, aparando as arestas e
prosseguindo sempre com o intuito de dar o melhor para cada participante.
O
programa em si seguiu um roteiro que na verdade leva o nome de “Ciclo da
resolução de problemas” de Sternberg (2010). Este ciclo conta com 7 passos
importantes que serão apresentados a seguir.
I - Identificação do problema
Levando em
consideração o alto índice de obesidade entre as pessoas na faixa etária entre
30 e 40 anos, de um bairro de periferia da cidade de Uberlândia, alunos do
curso de Psicologia da Unitri criaram um programa através de uma ação
comunitária. Esta ação conseguiu estabelecer parcerias com profissionais da
área da saúde que contava com médicos de várias especialidades, nutricionistas,
psicólogos, assistentes sociais dentre outros, além do patrocínio de empresas
privadas e um trabalho de conscientização dos residentes desse bairro.
Por se tratar
de um programa piloto, ou seja, um modelo ainda não experimentado, dentre
inúmeras pessoas pré-selecionadas, apenas 10 foram consideradas aptas a
participar do programa. O critério estabelecido, além da idade, era que os
candidatos estivessem entre 30% e 50% acima do seu peso. Foram destinadas 50%
das vagas para pessoas do sexo feminino e 50% para pessoas do sexo masculino.
Identificado o
problema, a obesidade entre pessoas de 30 a 40 anos de idade, realizou-se uma sabatina
para saber sobre o que cada pessoa esperava do programa, bem como suas maiores
dificuldades, problemas de saúde de ordem genética e emocional, bem como
ansiedade, compulsão e ou simplesmente uma alimentação desregulada.
Previamente, um
grupo de alunos do curso de Psicologia, sendo eles Samara, Karoline, Lisandra,
Jamylla, Débora, Lauriene e Ailton, através de entrevista com cada participante
em separado conseguiram identificar 4 grupos de acordo com a expectativa, força
de vontade e o astral (emoção).
Os grupos
ficaram assim divididos:
A – 40% das
pessoas, 3 homens e 1 mulher, estavam literalmente tranquilas quanto ao seu
peso atual, não vendo problemas nem riscos em continuar do mesmo jeito. Com
muito medo de largar suas rotinas para uma mudança de vida proposta pelo
programa, que visava restabelecer a saúde e principalmente uma nova qualidade
de vida, preferiram agir de forma pessimista descredenciando a iniciativa da
ação comunitária. Portanto, retiraram-se do programa. Apesar desse resultado inicial
negativo, os alunos já pensavam numa maneira de reingressá-los numa segunda
rodada do programa, mas para isso seria necessário muito empenho de toda a
equipe envolvida para gerar a motivação necessária aos participantes restantes.
(SEM RESULTADO INICIAL)
B – Do restante
dos participantes, uma mulher e um homem estavam bem focados e otimistas nas
diretrizes do programa e vislumbravam boas melhoras para a saúde corporal
independente das mudanças necessárias de hábito que haveriam de acontecer.
Notava-se desde o princípio que a motivação seria o quesito principal dessa
dupla entusiasmada que, deixando problemas particulares de lado, agarraram a
oportunidade como única. (MELHOR RESULTADO A SE ESPERAR = NOTA ENTRE 9 E 10)
C – Outras duas
mulheres permaneceram sem muito entusiasmo e talvez não levando a sério nem a
oportunidade de mudança nem o programa em si. A equipe de alunos de Psicologia
percebeu que haveria de ter uma motivação maior para com essas duas mulheres
levando em conta os transtornos que elas traziam em sua bagagem. Com o
emocional abalado, gerando picos de depressão e ansiedade, mesmo que não se
alimentassem exageradamente, presumia-se que seus hormônios estavam
descontrolados e que, na somatória tudo colaborava para a obesidade em que se
encontravam. (RESULTADO ENTRE 3 E 5)
D - Os últimos
dois, outro homem e outra mulher, demonstravam muita insegurança e medo de
largar seus hábitos. Sentiam como se estivessem dando um pulo no desconhecido.
Mesmo com o estado emocional abalado quiseram arriscar na tentativa. Essa dupla
foi identificada como mediana com tendências a se ter um resultado mais
promissor, em comparação com a dupla C. Havia um comportamento de compulsão (ou
impulsivo) regado por uma fuga emocional que era descontada na alimentação desregrada.
Eram cientes de seus atos, tinham medo das mudanças, mas a vontade de prosperar
nos resultados era maior e fazia diferença na motivação final. (RESULTADO ENTRE
6 E 8)
II – Definição do Problema
Após
os organizadores classificarem os participantes restantes, levando em conta o
otimismo e força de vontade, foco e determinação, foram formadas 3 duplas a
partir desses critérios.
Todas
as pessoas selecionadas apresentam um nível considerável de obesidade, variando
entre 30% e 50% acima de seu peso considerado ideal. O problema, ora
constatado, foi definido pelo grupo de alunos da Psicologia, que a obesidade
estava comprometendo a saúde e qualidade de vida dos participantes.
A
representação do problema se encontra principalmente na dificuldade individual e
coletiva que as pessoas encontram para perder peso. As estratégias de
emagrecimento foram traçadas pela equipe multiprofissional, que foi trabalhando
cada dupla e cada pessoa em sua individualidade.
Levando
em conta que quatro pessoas desistiram, as duplas restantes foram classificadas
em:
·
B, participantes que estavam bem otimistas;
·
C, participantes que estavam pessimistas;
·
D, participantes que estavam inseguros com o
programa.
III
– Elaboração de uma estratégia para a solução do problema
Entendemos
que a estratégia pode ter mais de um tópico para depois serem analisados e
sintetizados. Dessa forma foram elencadas as seguintes possibilidades de
solução do problema “obesidade” como alternativas para todos do grupo, a
seguir:
1)
Consulta com nutricionista para análise do IMC, reeducação alimentar, valor
nutricional dos alimentos, dieta e preparação dos alimentos, em que se
estabeleceram rotinas e horários adequados de alimentação;
2)
Indicação de consulta e acompanhamento com preparador físico para montar programa
de atividade física regular em que todos se mantiveram ativos na busca da perda
de peso;
3)
Sensibilização da família para que todos fossem incentivados a ter uma
alimentação saudável e praticassem exercícios físicos e assim, os participantes
do programa estivessem motivados e seus familiares pudessem acompanhá-los na
jornada em busca da perda de peso;
4)
Acompanhamento psicológico ao paciente para identificar problemas emocionais
que pudessem impactar diretamente no ganho de peso, autoestima e autoimagem,
criando rotinas simples de autocuidado, mudanças no estilo de vida e à medida
em que o os integrantes fossem retomando o controle de suas atitudes, tais
rotinas eram melhoradas gradativamente;
5)
Consulta clínica com endocrinologista e cardiologista para acompanhamento de
possíveis patologias associadas a obesidade, como pressão alta, stress,
colesterol, análise de possível necessidade de cirurgia bariátrica, avaliando
também a necessidade de administração de medicamentos.
IV
– Organização das informações sobre um problema
A
organização das informações foi realizada levando em conta a individualidade de
cada participante e seguidamente em duplas, as quais foram alocadas conforme
critérios estabelecidos e já explicados anteriormente. Desse modo, tais
informações sobre os problemas individuais foram essenciais nesse passo do
“ciclo” para então posteriormente encontrar uma solução viável.
Pelo programa identificamos a necessidade de
organizar os problemas de 3 formas, sendo elas individual, coletiva e de
duplas:
1) COLETIVA: No programa foram identificados
problemas que os participantes apresentam em comum, como a falta de tempo,
refeições realizadas de forma errada, compulsão alimentar e falta de recursos.
2) DUPLAS: As pessoas foram separadas em duplas
de acordo com o seu grau de otimismo, principalmente, ou a falta dele. A partir
daí foi identificado problemas que a dupla apresenta em comum:
·
1° DUPLA: apesar de notado
grande otimismo ao longo do programa podemos destacar a organização dos
problemas dessa dupla como o medo da mudança, insegurança, falta de tempo,
presença de baixa autoestima e sobrecarga na vida empresarial;
·
2° DUPLA: já essa dupla, mesmo apresentando um grande
otimismo foi notado uma compulsão alimentar, em que usavam o alimento como uma
válvula de escape para os seus problemas emocionais, tendo em vista ansiedade e
problemas hormonais;
·
3° DUPLA:
foi observado um meio termo de dedicação e otimismo e por terem uma rotina
agitada, a falta de tempo é um obstáculo, porém foram dedicados soluções e
recursos certos para que continuasse no programa.
3) INDIVIDUAL:
Podemos mencionar problemas que foram notados individualmente e organizados em
tópicos para melhor acompanhamento do programa:
1. Baixo
otimismo com o programa;
2. Baixa
autoestima;
3. Falta de
tempo e pouca dedicação;
4. Falta de
recursos, sobrecarga na rotina;
5. Compulsão
alimentar causado por traumas na infância;
6. Compulsão
alimentar por não saber lidar com as frustações da vida adulta, usando o
alimento como válvula de escape.
V
– Alocação de recursos
Das
três duplas participantes, a D não tinha todos os recursos como as outras e,
com a falta de tempo e dinheiro, tiveram que recorrer a outros recursos
acessíveis. Mesmo com o auxílio do programa e com a ajuda de profissionais
capacitados, os candidatos precisaram se esforçar.
Eles
começaram alternando entre caminhada e corrida, numa média de 30 minutos por
dia, além de praticar exercícios em aparelhos fixados na praça do bairro,
considerando que uma vez por semana o preparador físico estava presente para
dar as devidas orientações e tirar dúvidas.
Os
candidatos com o auxílio dos nutricionistas tiveram que reeducar a alimentação,
substituindo alimentos calóricos por alimentos saudáveis, sendo eles frutas,
legumes, fibras, proteínas e verduras, e descobriram que eles podiam custar bem
menos que alimentos industrializados e considerados não saudáveis
E,
não menos importante, os participantes adquiriram o hábito de beber bastante
água. A quantidade foi calculada pelos nutricionistas do programa de acordo com
o peso corporal de cada um.
VI
– Monitoramento da solução de problema
Durante o programa foram criados métodos de
monitoramento como grupo no whatsapp,
em que os participantes podiam se comunicar diariamente, trocando receitas,
além de interagir e incentivar uns aos outros.
Também foram realizados encontros semanais em
grupo e individual, com a participação de psicólogos e nutricionistas visando
auxiliar, esclarecer dúvidas e dar sugestões de melhoria. O monitoramento da
solução de problema, de forma individual e coletiva, visava diminuir ao máximo
o distanciamento entre o participante, sua estratégia, sua meta a curto, médio
e longo prazo, bem como seu objetivo final: perca de peso para uma melhoria na
qualidade de vida.
Os participantes também contaram com o
monitoramento mensal nutricional onde eram avaliadas a evolução de cada um
através de suas medidas. Alguns perderam mais peso na balança e outros em
medidas.
Durante a terapia em grupo ficou estipulado
entre os próprios participantes a prática de atividades físicas diária de no
mínimo 1 hora, dentro do período de sua preferência, como forma de auxiliar.
Caminhada, dança, natação, musculação, também foram sugeridos.
Foi orientado aos participantes para que
criassem hábitos para uma boa noite de sono. Evitar refeições pesadas e
calóricas a noite e criar uma rotina de horário para que o organismo pudesse se
adaptar.
Local adequado e tranquilo para se alimentar
com tempo foi outra orientação dada aos participantes, visando proporcionar a
mastigação correta e auxiliar na saciedade.
Os participantes foram avaliados a cada 30 dias
com médico clínico, fazendo o acompanhamento de glicose, pressão, colesterol,
dentre outros itens. Assim, tudo concorre para o real objetivo do programa que é
uma vida mais saudável e feliz.
VII
– Avaliação da solução do problema
Todas
as duplas utilizaram de condutas diferentes, desde os métodos até a motivação.
As duplas B e D foram as que apresentaram maiores resultados positivos. Ao
final do programa avaliou-se que:
·
Dupla B: estavam bastante focados e possuíam
todos os recursos possíveis, com foco e dedicação total ao programa e assim
conseguiram diminuir consideravelmente seu peso e medidas, obtendo resultados
satisfatórios entre 9 e 10;
·
Dupla D: mesmo carregando muitas inseguranças e
sem ter acesso a todos os recursos, essa dupla também conseguiu resultados
satisfatórios porque durante o programa decidiram agarrar a oportunidade e usar
de seus próprios recursos como praticar exercícios físicos e mudar a
alimentação. Apesar de seus resultados serem consideravelmente satisfatórios,
ainda assim foram avaliados entre 6 e 8.
·
Dupla C: constituído por duas mulheres, pôde-se
observar que as elas agiram de modos diferentes obtendo assim resultados
diferentes. Apesar delas possuírem os mesmos recursos, diferenciavam-se na
motivação. Enquanto uma se esforçou para controlar seus desejos e seguir à
risca as sugestões do programa, a outra participante não levou muito a sério
além de não conseguir concluir as tarefas propostas obtendo assim resultados
baixíssimos. Ambas enfrentaram grandes desafios em questão de disciplina e
mesmo que uma delas tenha se sobressaído, os resultados foram consideravelmente
baixos, apresentando números entre 3 e 5.
Criatividade
Existem alguns mitos sobre a criatividade,
como: criatividade é coisa de artista, criatividade é um dom ou ainda, ser
criativo é apenas quem cria coisas novas do zero.
Criatividade é uma ferramenta para solução de
problemas, uma habilidade básica da espécie humana. A criatividade em si não é
algo especial e sim algo que todos nós utilizamos para solucionar problemas do
nosso dia a dia.
As vezes o que diferencia uma pessoa que se
destaca em termos de criatividade, são alguns traços como: são pessoas mais
abertas a novas experiências; autoconfiantes; aceitam a si mesmos; são
impulsivas; ambiciosas; motivadas; dominantes e hostis, mais do que os
indivíduos menos criativos. Quando as pessoas têm ideias novas, elas usam suas
habilidades de raciocínio para analisar essas ideias e decidir se elas são
realmente criativas e se darão uma boa solução para os problemas.
Considerações
Finais – Conclusão
O grupo de estudantes de Psicologia pode então
concluir que, apesar das três duplas obterem resultados diferentes no final,
foi considerado de forma geral que o programa alcançou seu objetivo. Os resultados
individuais, em duplas e coletivo obtiveram resultados positivos.
Constatou-se que o grande diferencial para cada
resultado foi sem dúvida o fator motivação ou a falta dele, que geralmente era
acarretado por problemas pessoais, de saúde física e ou psíquica.
Devido ao resultado positivo, foi possível dar
continuidade no programa e os quatro desistentes da primeira rodada sentiram-se
convencidos e motivados a participar de forma responsável na segunda etapa.
O grupo de estudantes de Psicologia pode reavaliar
o passo a passo do “ciclo da resolução de problemas” e como uma nova
alternativa motivadora optaram por incluir os 6 participantes da primeira
rodada, dando-lhes a função de “orientador”. Essa tarefa possibilitou-lhes
continuar inseridos no programa não apenas como ex participantes, mas
principalmente como sinônimo de perseverança e motivação para os que estavam
começando.
Como forma de participação e interação, o grupo
convida a todos a participarem da dinâmica a seguir que é um exercício de lógica,
o qual consiste em utilizar o “ciclo da resolução de problemas” para encontrar
a saída para o problema.
Dinâmica:
A travessia
Um viajante
chega à margem de um rio levando uma raposa, uma galinha e um pé de couve. O
único barco disponível é muito pequeno e só pode carregar o viajante e um de
seus pertences de cada vez. Uma travessia complicada já que raposas comem
galinhas e galinhas comem couve.
Ele não pode
deixar a raposa sozinha com a galinha, nem a galinha sozinha com o pé de couve.
Porém, raposas não comem couve.
Como o viajante
deverá fazer a travessia de forma a não perder nenhum de seus pertences?
Ele poderá
fazer várias viagens, transportando de cada vez somente um de seus pertences.
Deve apenas evitar que a couve seja devorada pela galinha, e esta pela raposa.
Tempo: 3 minutos
Resposta:
1) Viajante leva a galinha e deixa do outro lado da margem;
2) Volta pegar a couve (ou a raposa);
3) Leva a couve (ou a raposa) do outro lado e traz a galinha de volta;
4) Deixa a galinha na primeira margem e leva raposa (ou a couve);
5) Deixa a raposa com a couve e volta buscar a galinha.
O
trabalho também ficará exposto no seguinte endereço virtual:
https://escritosemtempos.blogspot.com/2021/10/resolucao-de-problemas-e-criatividade.html
REFERÊNCIAS
STERNBERG, Robert J. PSICOLOGIA COGNITIVA. 5ª Ed. São Paulo,
SP: Cengage Learning, 2010.
A TRAVESSIA. Ensino, Educação e Reflexão. 19 ago.
2017. Disponível em:
<https://ensinoereflexao.blogspot.com/2017/08/desafios-enigmas-e-resolucao-de.html>
Acesso em: 11 out. 2021
Alunas e alunos do Curso de Psicologia - Unitri
Lisandra Leão Ferreira
Jamylla Rodrigues Arantes Gouveia
Débora da Silva Santana
Ana Karoline Batista Nunes
Samara Cristina Dias Vianey
Lauriene Prado Bento
Ailton Domingues de Oliveira