O filme "O último xamã"
(Netflix) é simplesmente excelente! Na verdade é um documentário muito bem
produzido. O protagonista é um jovem, filho de médicos americanos que, em
determinado ponto da vida entra numa fase de forte depressão. Em busca de
sentido para sua vida, de ressignificação de valores, de luta por sobrevivência
contra seus demônios interiores, ele segue em busca de diversas alternativas
para prosseguir com sua jornada. Ele mesmo estipula uma norma para si num tempo
determinado para que consiga sair desse buraco, desse poço que o consome cada
vez mais. Se em 10 meses não houver melhora, ele estaria decidido a tirar sua
própria vida. Os relatos são preciosos e verdadeiros. Em vários momentos fiz
uma comparação com fatos da minha própria vida. Muitas vezes passamos por
verdadeiros desertos (tempo de silêncio e solidão), tempos de travessias
(caminhos certos, incertos, obstáculos...), ou em busca de um sentido maior
para nossa existência (já leram "Em busca de sentido", de Viktor
Franklin?), busca de respostas para muitos fatos e acontecimentos que nos
perturbam o pensamento, a memória, coisas entre filhos e pais, talvez. E, é
justamente isso que na maior parte dos relatos fica nitidamente explícito. A
última parada desse jovem rapaz é uma aldeia onde ele experimenta a
"ayhuasca". Ele deixa claro que esse chá em si não faz mágica. Eu
considero que o tempo que ele se retirou em seu próprio deserto de silêncio e
solidão, em busca de respostas e libertação, em busca de seu eu (ouçam a música
"Caçador de mim" de Milton Nascimento), foi o ato mais importante.
Vale muito a pena assistir e refletir.
O que te faz sentido? Riqueza, status, dinheiro, poder? Qual o critério para ser feliz? O que é ser inteligente? Qual o padrão da inteligência? Sabedoria ou inteligência? Não ter complexo de inferioridade. Não precisar provar que você é inteligente. Reprogramar-se. Não tenho que me provar nada, não tenho essa ambição de provar que eu sou inteligente ou provar que eu sou bem sucedido.
“O xamã Pepe é alguém que olha o mundo e não vê matéria desprovida de espírito. Ele vê vida em tudo. Ele vê uma inteligência tecer o seu caminho pelo nosso corpo através das pedras, árvores, universo, cosmo inteiro. Uma inteligência que vai muito além de qualquer coisa que o homem seja capaz de entender ou compartilhar.
Preciso 'voltar para casa' e organizar tudo o que aprendi aqui, para fazer as pazes com os lugares de onde eu vim. Eu não estou aqui para dominar o mundo. Eu não estou aqui para ser alguém grande. Eu estou aqui para ser uma pequena parte de algo muito maior que eu e isso é libertador. Eu encontrei um lugar de paz dentro de mim. Acho que desde que eu aprenda a viver neste centro de paz, eu acredito que todo o resto vai voltar.
Tive que passar de reagir ao plano dela, de suas mentes. O seu plano para fazer isso não tava funcionando. Mas o que me fazia continuar era o coração deles.
A ayhuaska não deve ser idolatrada. Não
acho que a ayhuaska dê coisa alguma que já não exista dentro de você. E
essa foi uma mensagem dada a mim pelos espíritos das plantas. Que a chave está
dentro de mim para fazer qualquer coisa que for preciso para ficar bem. Apesar
de não ter sido curado sinto que eu tinha voltado com vontade de viver.
Um dia de cada vez. (James)”