Eu O vejo no tiozinho da cadeira de rodas que fica na rua, solitário
Que não tem com quem falar nem desabafar sua solidão
Que não tem com quem prosear, contar causos
Eu sinto então, que Deus me belisca, me chacoalha
Me incomoda ao ponto de aproximar-me... de alguma forma...
Eu O vejo naquele rapaz, andarilho, sujismundo
Que um dia parou na frente do restaurante e a dona logo exclamou:
"Dá um prato de comida pra essa carniça sair logo da minha porta!"
Faltou pouco pra eu sair primeiro...
Um outro homem, simples e de boa aparência pagou a marmita do pobre excluído...
ELE, me incomoda ao ponto de me fazer sentir tanto, que apenas peço coragem, nada mais...
Eu O vejo também, naquele trabalhador que adentrou a igreja,
Que por hora estava bêbado, trêbado ou mais...
Que cantava desafinado durante o ensaio de músicas...
Que chorou por não saber ler nem escrever...
ELE, me mostra, e com isso me causa incômodo, e já não descanso mais...
Esses pensamentos me torturam de forma agradável
E SUA voz ressoa no pé do ouvido: Vai e faça!
Eu O vejo naquele senhor cego
Que sentado no degrau do barracão que agora é sua casa
Mexe a cabeça tentando acompanhar o barulho ao seu redor
Pra saber quem vai e quem vem
ELE, mais uma vez, consegue prender minha atenção
Mostrando que eu só preciso sentar e dizer "oi"...
Eu O vejo naqueles meninos, crianças, drogados
Sem noção de tempo e espaço que
Correm atrás de migalhas para suprir seu vício e se manter no esquema
ELE, sempre ELE, meu Deus, aponta meus olhos naquela direção
E me diz: "E agora? Você Me pede a felicidade e EU te mostro o caminho! Vem e Segue-me!"
Senhor, Teu amor faz doer
E essa dor me faz crescer
Teu amor me faz caminhar
Neste caminho que leva ao mar
Teu amor me faz enxergar
E eu Te encontro nos olhos de cada um
E reencontro assim
O sentido extremo da vida...
Sim, eu digo Sim!
Ailton Domingues de Oliveira
28/06/12