Viver por viver
Viver pra consumir
Viver e ser feliz
Agora,
jaz cansado
Dos
padrões impostos pela sociedade
Que
por vezes me coloca feito equilibrista
Na
corda bamba da vida
E
assim, prefiro descer, ou talvez cair na eternidade
Reluto
em pensamentos
Numa
guerra fria de todo dia
Contra
algozes ferozes e invisíveis
Estampados
em etiquetas
Materializados
num consumo egoísta
Neste
campo de batalha
Sobrevive
quem se deixa levar
Quem
vende sua alma pro pobre diabo
Quem
consome o que vem pronto
Pois
quem questiona, no confinamento é jogado
As
selas que aprisionam
Os
subversivos em pensamentos
Lá
estou-me entre quedas e escaladas
Solavancos,
hematomas e avanços
A
renascer pelas manhãs com os pés na estrada
Sou cobrado pelo que faço
Sou cobrado pelo que não faço
Sou cobrado pelo que dizem que faço
Sou cobrado...
Neste corpo que jaz cansado
E... agora, jaz cansado
Num corpo ainda jovial
A angústia de uma mente
Nem demente nem insana
Nem madura nem profana
Lanço iscas, talvez dicas, talvez pistas
No olhar que firmará feito contrato
De vida, de utopia, de poesia
Que o tempo eternizará
Quando o meu dia não mais chegar
Nesta poesia que disfarça a demência
Que se faz prontamente minha profecia
Que me acalenta em doses de utopia
Que por vezes também me angustia
Vou deixar, tenho certeza, somente as gotas de alegria
Sou o vilão, o errado, pecador sentenciado
Mas, numa noite de lua esplendorosa
Serei velado, lembrado e chorado
Tornarei-me homem bom,
E assim como de praxe, serei amado
Enquanto isso, ainda no imundo mundo dos vivos
Não quero mais ser refém das regras
Nem das pobres almas falsas
Prefiro de consolo a solidão
Na qual Deus se faz presente no silêncio do coração
Tirai-me tudo, ó Grande Criador
Mas, deixai-me a lucidez da alma
Deixai-me viva a vontade de um dia
Morrer melhor do que nasci, melhor do que ontem
Deixai para os meus, esse sonho, essa fé, essa luta
Poetizada nos meus passos, fracassos, cansaços
Deixai brilhar nos olhinhos que eu vi nascer
A mesma esperança que a cada dia me fez renascer
Essa é minha vida, esse é o meu testamento...