Ah,
Se a vida começasse
ao contrário.
Se nascêssemos
grande, se nascêssemos com experiência...
Como seria?
Seria louca?
Nasceríamos cientes,
conscientes
Inteiros, intelectos, intactos,
Cidadãos formados, mais civilizados,
Mais... bem mais...
Cidadãos formados, mais civilizados,
Mais... bem mais...
Seria como ver o mar
se transformar em rios
Rios em riachos,
riachos em córregos
Que mapeariam as
terras mais longínquas
Que levariam suas
águas por todos os cantos
Que saciariam a todas
as bocas
Não haveria
infertilidade
Não haveria
desigualdade...
Não haveria escassez...
Não haveria escassez...
Seria como ver o
fruto se transformar em flor
Seria ...
Seria a experiência
de um adulto
Compactando-se na
regressão do tempo
O tempo transformando
a essência sólida
Em pureza de criança
E como criança,
carregada de amor e esperança...
O tempo não se
contaria mais...
O relógio não
precisaria girar ao contrário
Bastaria a
despreocupação das horas marcadas
Bastaria apenas saber
que era preciso viver
Bastaria a vida:
absoluta, prêmio, amor...
A morte não seria tão
incógnita
Tão tenebrosa, tão
traiçoeira
Misteriosa...
Não seria motivo de tanto medo,
incertezas
Viver não seria
sobreviver
Viver não seria
preciso temer
Viver não seria
preciso em si morrer
Viver não seria
preciso pisar
Viver não seria
disputar
Viver não seria derrubar
Viver não seria só vencer
Viver não seria só vencer
Viver, seria...viver!
Mas a vida não é
inversa
Nem avessa,
Travessa sim
Vida sem vida é fim
Vida sem vida é fim
Fim é para quem não
viveu
Vida sem vida é morte
em vida!
Vida, vida, vida minha,
Vida, vida, vida minha,
Louca vida
Varrida
Traquina
Vida é única, em linha
contínua
No tempo que se tem e
se vive...
Talvez, se começasse ao contrário
Não haveriam tantos erros...
"Toda pessoa morre
Mas nem toda pessoa vive..."
Mas nem toda pessoa vive..."