quarta-feira, 8 de junho de 2016

Letras e cachaças


No empório das letras
Encontrei um destilado
Tinha verso, tinha álcool
Era livre o pensamento
Era forte a dose única
O tempo que me fadigou
Libertou e escravizou
Cegou e duvidou
Creu e resistiu
Em cada gota de pensamento
Sem ópio e sem tormento
Era assim, natural
O suicídio da alma
Fadada pela existência
Foi libertada nas prosas
Nas doses entorpecidas de poesia
O sentimento prometido
De outras vidas descumpridas
Era intangível e falso
Recostou sua cabeça
No primeiro deserto de toda vida
Preferiu a facilidade das coisas prontas
A tecer em teias a história
E o que era pra ser derradeiro
Tornou-se passageiro
O destino incerto desses corpos
Nas letras misturadas
À poesia desse copo
Me saciem a sede
E me livre desses medos