"Eu não concordo mas respeito", essa frase já virou bordão na
boca do povo que, ou não tem culhão para enfrentar um embate aberto ou está em
cima do muro sobre o assunto em discussão ou de tão inocente não tem noção da
gravidade da coisa ou pensa que está colaborando com a paz mundial ao
selar sua fraca opinião com essa frase pronta ou ainda, na pior das hipóteses, conivente ou ignorante mesmo.
Dias atrás quando compartilhei uma notícia na minha página do facebook
através de um link¹, aos poucos surgiram pessoas que teceram suas opiniões. O
pano de fundo do texto era a religião e as opiniões, em sua maioria
discordantes sobre determinadas práticas da seita, era o cerne da discussão.
Religião é um assunto que sempre causa polêmica. As narrativas bíblicas mostram
que esse fato acontece a mais de dois mil anos e hoje as redes sociais permitem
que tais polêmicas tomem uma proporção bem maior tanto no que tange o tema
quanto na quantidade de pessoas atingidas que se encorajam a manifestar seus
pensamentos, mesmo que seja para aplicar o velho e conhecido jargão que não por
acaso é o título desse escrito.
O respeito é um dever de todos. Opinar e discordar, principalmente
quando esse ato vai a favor do bem, ou melhor, da vida, também deve ser um
dever. Creio que existem assuntos que nem merecem ser debatidos, pois todo ser
humano deveria ser uníssono no que se refere à salvar uma vida mas, ainda
existem "coisas" que se mantém na sociedade e que são capazes de
fazer com que algumas pessoas hesitem a praticar um ato em prol de uma vida.
Portanto, discordar de tais práticas absurdas e trazer essa discussão à luz do
bom senso é o mínimo que podemos contribuir para uma sociedade livre de
mordaças religiosas.
A pauta do link compartilhado trata sobre uma
criança que só não morreu porque os médicos, mesmo contra a vontade de seus
pais que são Testemunhas de Jeová, recorreram judicialmente e realizaram a transfusão de sangue. Doar sangue
é um ato proibido a todos os seguidores dessa seita e essa regra não tem
exceção mesmo que seja para salvar seu pai, sua mãe ou seu filho no leito da
morte. Como já disse, esse deveria ser um dos assuntos que não mereciam ser
debatidos uma vez que, enquanto seres humanos, nossa consciência natural e obrigação seria apenas ter o único pensamento de
que devemos utilizar todas as ferramentas disponíveis para salvar uma
vida.
"Tudo o que vai contra a 'vida' merece ser não apenas discordado mas principalmente denunciado. Religião que atenta contra esse princípio já deixou de cumprir o seu papel legítimo, se é que em algum momento de sua existência realmente tenha tido algum objetivo além da alienação ou da exploração ou de ambos". Essa foi uma das respostas dadas diante de algumas opiniões que surgiram controversas durante a discussão.
"Não concordo mas respeito" é uma saída estratégica pela tangente. "Não concordo mas fico quieto", "não concordo mas vou fingir que não vi nada", "não concordo mas não vou perder o amigo" creio que esses podem servir como sinônimos. Melhor mesmo é nem usar esse método como fuga de uma discussão acalorada e se não for pra contribuir com a mudança arcaica do cenário, que nem se manifeste. Denúncia faz parte, omissão não!
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https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/justica-autoriza-transfusao-de-sangue-a-crianca-de-familia-testemunha-de-jeova.ghtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1)