"Hoje em dia é praticamente proibido não ser ambicioso" (Criminal - Reino Unido). Esse é um fato que observo já tem algum tempo. O comportamento das pessoas, da sociedade, grandes empresas, do mundo em si, é assim. Ambição por ganhos e lucros a qualquer custo. O crescimento só é válido se o retorno for de cunho material. Até mesmo as igrejas, em sua maioria, pregam isso através do que chamam de Teologia da Prosperidade. E muita gente cai nessa santa pegadinha. A ambição excessiva e ou obsessiva por alcançar os objetivos pode se tornar um fardo pesado na caminhada quando não há limites nem bom senso. Interessante aquela frase "a arte imita a vida e a vida imita a arte". Nesse caso, a arte imitou a vida. Uma série me trouxe à reflexão.
Dias atrás, assistindo outra série, "Quando chama o coração", com minha mãe, escutei uma frase de uma das personagens, a qual me chamou atenção para uma reflexão posterior. Anotei: "Eu não quero vencer na vida, quero viver". Parece uma simples frase de efeito, e é, porém não tão simples quanto parece. Entendo claramente que se olharmos friamente para a frase parece algo que soa como hipocrisia, pois não existe quem não queira vencer na vida. A diferença é que quem consegue aprofundar nesse pensamento, já se entende como vitorioso e feliz diante de suas conquistas e de sua vida. Claro que os bens materiais são importantes e necessários mas não estão em primeiro lugar. Nesse contexto, a personagem se dava por satisfeita vivendo sua vida em paz com a família numa cidade pacata de interior, enquanto outros a questionavam e tentavam persuadi-la a encarar novos desafios numa cidade grande. Ela já se considerava vencedora de suas escolhas e trajetória e vivendo com sua família era o ápice do sucesso.
Noutra semana me atentei para uma das músicas do Oswaldo Montenegro a qual ele enfatiza com muita energia principalmente no refrão, que por sinal é o título da música: "Eu quero ser feliz agora". Novamente, arte e vida, vida e arte. A explosão intensa desse refrão funciona mais que um chamado, uma ordem para se viver bem, para ser feliz. Uma ordem para si e um convite para todos. Se atentarmos aos detalhes, se olharmos com clareza à nossa volta, procurando perceber além da engrenagem mecanizada que a sociedade vive, se conseguirmos nos despir das roupagens, máscaras e maquiagens que utilizamos constantemente, acredito que teremos oportunidade de rever a travessia e viver o que nos permite ser vivido.
Viver e ser feliz, duas das maiores respostas que temos para os nossos próprios questionamentos internos. Ou que tal, melhor ainda: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz!" (Gonzaguinha). E é com essa frase, que se tornou um verdadeiro grito de guerra da alegria, que deixo o recado: Nada é tão simples mas o sonho ainda não nos pode ser roubado! Diante disso, uma coisa é certa: Tenho urgência pra viver!