O rapaz estava sentado bem à vontade, com os braços abertos sobre o encosto do banco e as pernas esticadas para frente. Acredito que a moça seja sua companheira devido à performance que realizava e pela forma com que o encarava. Ao som de uma música de celular ela dançava para ele. Não era uma dança vulgar, mas ela se dedicava a ele. Seus olhos miravam os dele em cada movimento. Ele, atentamente, acompanhava sem perder nem um instante do show.
Não me importei se haviam uma ou duas garrafas no banco, bem como eles não se importavam com mais nada. O mundo era só deles. A praça tornou-se um palco que dispensava qualquer tipo de plateia. Os dois se bastavam. Não havia mais nada de importante que aquele momento, aquela troca de olhar que tocava na alma. Muita gente passava e buzinava, mexia, ria da cena. Eu apenas apreciei. Dispensei críticas que não me cabiam fazer sem conhecê-los de fato.
Naquele momento, diante daquela cena de um casal apaixonado, numa manhã qualquer, a dança do amor deram a graça do dia. Não se precisa de muito para viver e se doar. Cada um se doa a partir do que tem. Eles tinham um ao outro. Olhos nos olhos, atenção, dedicação, sintonia, química e o mundo sob seus pés.