"Ao som do telefone, àquela hora
O coraçao já disparou e o corpo estremeceu
Minha mãe, em tom de angústia explicava a situação.
Um filme que se repetia na cabeça.
Imagens, momentos, saudade e dor.
Medo, muito medo.
Medo de perder.
Medo de não ver.
Medo de não mais ouvir.
Medo de não ter mais por perto, mesmo que distante.
Acovardei-me no tempo durante muito tempo.
Deixei de dizer, de falar, de fazer...
Deixei de perdoar, deixei de viver.
Escondi nas entrelinhas da vida e do tempo.
Julguei Deus que se ausentara de minha história em momentos difíceis,
e por assim sendo, permitira tais acontecimentos: distância e solidão.
Lembranças, saudades...
Dor, medo...
A realidade bateu a porta sem pedir permissão:
'Teu pai, meu filho... não esta bem!'
Meu pai?! Naquele momento só lembrara do pai herói e deixara o lado bandido para trás...
Angustiante!
Não me contive em lágrimas, flash's e pensamentos...
Queria vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo...
Aproximá-lo de mim e eu dele...
Não quero mais tempo.
Não quero mais esperar oportunidades.
Não quero mais esperar marcas desaparecerem.
Não quero mais perder-me neste tempo de vida.
Pois, senti parte da minha quase escapando
como areia por entre os dedos...
Pai, estou aqui... mas já estou indo ao teu encontro
Numa saudade sem tamanho
De um filho ausente,
Muito mais vivo que magoado
Disposto a dar-lhe o seu grande e único posto:
o de PAI... e HERÓI."
"Só nos damos conta do que temos, quando estamos prestes a não ter mais..."
Ailton Domingues de Oliveira
(08/08/11)