Mais que a dor de umas palmadas no lombo, quando aprontavávamos travessuras, era a dor do arrependimento quando o silêncio habitava no olhar triste e decepcionado daqueles que amávamos e que nos amam incondicional... O silêncio dispensava palavras. Pelo olhar, já identificava o que me esperava. Pelo olhar, eu podia sentir onde minhas artes haviam atingido. Pelo olhar, mesmo criança, conseguia identificar se havia decepcionado.
Com meus avós aprendi, adquiri a sensibilidade para os fatos, para a vida, para o mundo. Tudo depende dos olhos como se vê. Tudo depende de quanto você está disposto a ir além, mais fundo. Tudo depende se seus olhos estão atentos, não só para ver mas para enxergar além do que as aparências mostram.
Silêncio, olhar, atenção...
Valeram as palmadas, valeram mais os olhares. Àqueles que me ensinaram sem saber que o faziam, àqueles que me cativaram, me amaram e ensinaram o verdadeiro sentido das coisas, o significado do amor doação sem limites, àqueles que tiveram a pedagogia da vida para transmitir, apenas transmitir o a imensidão de seu carinho e dedicação, apenas meu obrigado, com tamanha saudade...saudade que não se descreve nem no olhar, nem no silêncio...
Ailton Domingues de Oliveira
(08/04/12)