sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Guerra dos Mundos - Parte III - Hierarquia: poder sem verdade




"A realeza inalcançável, a nobre corte inatingível, os vassalos, o povo e a Verdade."

Vivia a realeza inalcançável no seu castelo adornado de ouro, protegido por guardas e cercado de fieis sanguessugas, a nobre corte inatingível que apenas comandava de suas sub-salas secretas as decisões a serem tomadas mundo afora por além dos muros da fortaleza.

Os vassalos, espalhados pelo mundo, tratavam de difundir as regras impostas de cima para baixo. Os que ousavam questionar atos e atitudes ou gerar pensamentos que contestassem condutas impróprias e o próprio acúmulo de riquezas por parte da realeza e sua corte eram considerados desertores, subversivos e, por vezes, caçados, castigados e condenados às mais diversas formas de fogueira. 

O povo, sempre a caminhar por caminhos difíceis, entre alienadores, massificadores, exterminadores e poucos libertadores que, em sua maioria, sempre foram perseguidos pelo alto escalão do poder. Ele, sempre ficou à mercê das mais diversas formas de verdades deturpadas pelos, então, homens da fé. Poucos se libertaram, muitos se perderam, muito mais foram condenados por conta de discordarem. 

Os auto-elegidos e ditos detentores da verdade sempre mantiveram-se como única forma de verdade herdada diretamente do céu para a repassarem à terra e gozaram dessa reputação histórica para então extrapolar os limites do homem, manter o status de caminho seguro, manter inabalável a instituição hierárquica e pior, manter sob sua custódia a mente e a alma de cada ser vivente, massificados pelas palavras proferidas e oriundas do poder. A verdade, nesse patamar hierárquico, era muito mais vaidade e poder que palavra libertadora.

...E a verdade vos libertará! Longe da verdade mundana se igualar à verdadeira Palavra Libertadora do Homem de Nazaré. Longe desses doutores em leis, inquisidores auto-santificados em poder e ouro serem porta-voz da verdadeira Verdade! A vaidade assola, antes de qualquer coisa, ao coração de cada poderoso chefão. 

Um dia, essa realeza, sensata, descobriu o poder paralelo existente nos redutos do castelo. Poder este que brigava por mais poder e escondia a podridão dos homens que se diziam de boa fé. Então, ela renunciou... e deixou ao sucessor o dever da faxina geral...