As datas cravam na linha do tempo eventos únicos que os olhares puderam registrar. Cada fato, cada ato, independente ou correlacionado assim fica marcado na história que se entrelaça entre as pessoas e seus mundos.
Um certo
dia, numa certa manhã, foi assim que o mundo me sorriu em boas vindas. Nada de
extraordinário acontecera nas vésperas. Tranquilidade no ar, normalidade na
rotina e em sua quebra nos dias que estariam por vir.
Reconheci
meus heróis, meus pilares, meus amores, minhas flores... Encantamento que se
desabrochava em cada manhã e me colocava a sonhar pelas noites estreladas que
acometiam o pensamento do futuro incerto. Heróis que também foram vilões em
muitas cenas dessa história. Pilares que sucumbiram de forma a me apresentar o
medo. Amores que as tempestades distanciaram, lavaram ou levaram, e por vezes
reapareceram em outras águas. Flores perfumadas, maravilhosas, mas que
defenderam-se com seus espinhos, e colheram o sangue de meus toques.
Eis o mundo!
Tal como ele é: quente e frio, doce e amargo, manso e feroz, presente e
ausente... De transeuntes descalibrados e sem ideal, que vivem apenas a
diagnosticar e reinventar fórmulas para continuar no topo da cadeia alimentar
ou no mínimo em sua escalada... E onde o alimento para tal demência é o sangue
escorrido e sofrido no suor de quem não tem voz... nem vez... Foi o que vi, ora
apenas assisti, noutras eu interferi, tudo isso durante essa trajetória até
aqui.
Mas, a
história é maior. Os fatos são incontáveis. Os atos, infinitos. Os
entroncamentos das águas e suas bifurcações costuraram terras e céus até o mar
em que hoje estou. Muito sonho, muita música, muita poesia... olhos atentos no
cenário aberto sob o sol que promove a luz e sob a lua que encanta e romantiza
ou espanta e amedronta.
No
balançado do balanço empurrado pelo vento que lembra as mãos de quem deixou
saudades e permanece vivo na memória e no coração, no saldo dessa trajetória,
ainda em busca da batida perfeita, o segredo sempre estará a espera de ser
desvendado. A existência que não seja vã! Entre loucos e espertos, continuo com
a sinceridade dos primeiros. E continuarei sendo frente de oposição em prol da
verdade libertadora, nem que seja por um exército de meia dúzia de libertados,
nem que seja pela Fé no criador tão somente...
Tantas
luas, tantos verões, estações por onde passei, mares que velejei, caminhos que
percorri, por vezes solitário em meio à presença de todos, banido sem sair do
meu corpo, esquecido pelo meu pensamento e querido por um olhar (...) em cada
lugar que o tempo me levou. E no tempo de hoje, restabeleço a ordem ao caos ou
o vice-versa quando oportuno e necessário for para que a poesia seja vida e
sendo viva que o seja desprendida de toda arrogância e norma que os donos do
topo impuserem.
Na
renovação de cada dia, os votos de agradecimento ao Deus da vida, pela
eternidade do tempo de cada momento escrito, desenhado, atuado e poetizado no
palco ainda iluminado, se fazem presentes do nascer ao por do sol, da meia luz
da sombreada lua ao seu desaparecer. Ao Deus da vida elevo meu coração e
agradeço com uma canção em forma de oração, cantando no pensamento expondo em
cada olhar que ainda enxergo nesta terra a caminhar... 13880 (*) dias ao tempo...
Tempo bom, tempo de saudades, tempo que ainda há de vir e de ser...
(*) 13870 + 10 dias referentes aos anos bissextos durante o período.