Tão livre quanto o
vento
Vivendo, os grãos de
areia a contar
Que a onda repele,
lava e leva de volta pro mar
Num ritmo cíclico e
interminável
Numa rotina quase que
insuportável
Até que o último
piscar
Já não dê mais conta
de contar
Tão preso nesse tempo
Na chama que
incendeia a alma
A arder de paixão
Ou a queimar de
solidão
A sonhar com os
tempos idos
Ou a sofrer com os
não vividos
O presente é mera
penitência
Em que se lida com a
vivência
E a vida em uma nota
só se declama
Livre nesse tempo indurável
No limiar do passado irrestrito
Com o compromisso do futuro inaudito
O insistente guerreiro avança
Sem escudo, desarmado, sem aliança
A percorrer tantos mundos, tantas
terras
A viver tantas vidas, tantas guerras
E esperar pelo tempo indecifrável
Preso nesse tempo
algoz
De paixões
dilaceradas
De feridas não
curadas
As histórias que eu
quis pra mim
Já nasceram fadadas
ao fim
E as mãos que me
ensinaram a andar
Já não podem mais me
acompanhar
E assim eu sigo,
desmedido nesse tempo atroz
Nas ondas que o tempo levou
No caminho batendo pedras
Plantando sonhos, ora quimeras
Os espinhos protegeram o amor
Assim como protegeu a flor
Em tempos bons celebramos a vida
Em tempo nublado curamos feridas
E a melodia sacramentada ao tempo, no tempo se eternizou