"(...)Por vezes o dessentir se faz
necessário
Não lembrar quem eu sou é também
despojamento doloso
Sou a mesma pessoa em poesias
diferentes?
Sou apenas poesia em pessoas
diferentes?
Por vezes o poeta também me abandona,
se abandona
E minha alma veleja solitária pelo
deserto
Enquanto o caos da desilusão se
instaura
No amor ou na dor
Com ou sem poesia
Com ou sem alma
Comigo ou solitário
A autenticidade de meus pensamentos
jamais me abandonaram
Talvez seja por isso que a travessia é
refúgio e o deserto é abrigo
Não conto com nada além do que eu posso carregar no coração
Já fugi de mim
Já cacei por mim
Já busquei me encontrar
Sem querer encontrar-me de fato
Já declamei às razões
Querendo esquecê-las de uma vez por
todas
Pintei-me de aparências
E sangrei-me na essência
Aquela que não se vê
E não se partilha
Tantos "talvez" que nem sei
qual foi a última vez que me encontrei de fato
Meu corpo desobedece minhas intenções
E se perde num olhar sem fim
Em busca de mim... respostas, talvez...
Onde andarei eu?
Onde andará minha alma?"
Onde andará minha alma?"