Deserto, meu deserto sem Deus
Deserto, meu Deus,
meu deserto
Deserto, meu Deus,
sem deserto
Deserto, sem deserto,
meu Deus
Deserto, sem Deus,
sem deserto
Deserto, sem Deus,
meu deserto
Deus, meu Deus sem
deserto
Deus, meu deserto,
meu Deus
Deus, meu deserto sem
Deus
Deus, sem Deus, meu
deserto
Deus, sem deserto,
sem Deus
Deus, sem deserto,
meu Deus
Talvez, Deus mesmo,
não tenha feito nada
Nada além de sua
brilhante criação
E distribuiu suas
obras sobre o tabuleiro do mundo
E continua descansando
desde o primeiro sétimo dia
Talvez, tantas
palavras foram colocadas em seu nome
Por aqueles que
encontraram no poder sua forma de sobrevivência
E desejaram controlar
essa obra criacional e dominar esse mundo
E então, se sentiram
como deuses de seu Deus
Talvez, Deus mesmo,
esteja preso em seu próprio deserto
Feito refém de sua
tão amada obra
Sem forças para
remanejar suas crias
Entristecido no vale
de lágrimas dos seus
Talvez, seja o
deserto, o único lugar sem vida que Ele habita
Escondido, desarmado,
amargurado com tanto sangue derramado
Tão calado quanto
culpado em sua própria história
Onipotente mas ciente
de que o mundo quer ser deus
Talvez, tudo seja
apenas um deserto de imaginações
Sonhos e lutas,
utopias e emoções
Talvez, a razão seja
o deserto e mais do que certo
Somos areia em sua
memória, ou, meros peões