Em alguns instantes de puro devaneio
várias questões me tiraram a leveza do descomprometimento universal. Sim,
universal, pois esforcei-me para passar despercebido ao mesmo tempo em que
nada quis enxergar. Tolo engano. Não tenho essa frieza viral dos donos do jogo
sistêmico. Eles detêm as regras além do controle do tempo de jogo, bem como as
cartas, os jogadores, a torcida, os juízes e tudo o mais que possam comprar ou
usurpar. Esse tanto faz não me pertence.
Meus velhos fantasmas guerreiros
ressurgiram e se rebelaram na fronteira do vácuo de meus pensamentos. Teimam eles
em me interrogar sobre o sentido de estar aqui e agora. De modo massivo, questionam-me sobre o tipo de legado que estaríamos deixando, serão valores ou
apenas instinto de sobrevivência que repassamos aos nossos? Dúvidas,
incertezas, questionamentos, inquietudes...
Onde o ser humano existe irradia-se
ambição, ganância, poder e destruição. Fato. E, à proporção com que isso se
alastra, é descomunal e desproporcional ao se comparar com os poucos insurgentes que combatem o sistema armados apenas de esperança. Religiões de moral
desvirtuadas e instituídas à base do sacrifício e da miséria humana formaram um
verdadeiro império financeiro à custa da fé alheia. O resultado pode ser visto de
algumas formas: para a massa, que tem sua fé manipulada e construída sem
embasamento, custará o livre arbítrio e sua desobediência acarretará o
castigo eterno (inferno); para os vendilhões e show-man's, que orquestram em seus palcos, altares ou púlpitos como instigadores do radicalismo institucional e
do moralismo religioso, o resultado divide-se em poder, status, dinheiro e só.
E se elas (as religiões) continuam
assim, o que se esperar de outros seguimentos como a política, por exemplo? Sim,
as religiões não apenas "estão assim", elas "continuam
assim" pois, desde os primórdios, sempre fizeram parte de algum golpe,
alguma tragédia histórica, aconchavada com a política e com a elite interessada
em poder, status e progresso, mesmo que tais ambições custem a vida e o sangue
alheio.
Poucos são os que se revoltam com o que
está imposto. Raros são os que ainda acreditam. Desapegar das instituições é um
caminho não apenas de desconstrução que requer coragem, bom senso e, no mínimo,
um pouco de esperança, mas não recear a solidão da estrada por onde andam todos
os que se indispõem a conformar-se e a calar-se.
Acredito que, sendo devaneio, não tem começo nem fim. Não precisa ter uma resposta precisa diante de uma pergunta que nem sei qual é. Pouco me importa se a ala católica vai me excomungar por pensamentos que criticam o fanatismo doente da RCC, CN e outros afins, ou se ainda me indisponho e contrario os excessos moralistas incutidos nas entrelinhas dos documentos medievais... pouco me importa. Na verdade, foda-se! Aproveitando o gatilho, foda-se também os empresários da fé, de alas pentecostais, neopentecostais (primos mais velhos dos carismáticos católicos)...
Mais alguém? Vai um "foda-se" aí???