A praça é a Praça, é o mundo, é o
fundo,
é o circo, é o recanto do justo,
do sábio e do vagabundo
paraíso e deserto do sem teto
Filosofia da vida, dos dias, das
horas
o tempo não passa, e a vida indo embora
Dias de luta sem glória
a droga é a festa, todo dia, toda hora
Retiro do mundo,
vazio existente na alma sem fundo
Que aos olhos do povo, a sociedade
perfeita
não tem bem, só o mal, quem ali está é
só marginal
Esquece que ali, aquele que habita tem
a sua história
sua guerra sua vida, seus traumas, suas
lutas sofridas
uma família talvez
A praça é o elo perdido, último dos
paraísos
de quem se perdeu nesse plano de
vida
nesse mundo tão sujo
de batalha egoísta
No meio da praça tem a regra, a
moral,
a ética de todo marginal
cada um no seu canto, enxugando seus
prantos
ninguém rouba ninguém, todos se
protegem
Tem cachorro e gato que habitam
juntinhos
ambos respeitam até o passarinho
todos sem comida, sem casa, sem abrigo
Banho de chuva no frio, noites mal
dormidas
Corpos bem colados pra se manter
aquecidos
Presos por dentro, julgados por
fora
a vida é um tempo que passa e demora
esperança sem vez
Um dia quem sabe,
um pouco de asa
vai me levar de volta pra casa