quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Cores, fragmentos e psicologia


Escrever o sentimento numa óptica que vai além e também aquém de quem teceu sua imaginação no papel é uma tarefa difícil. Ao mesmo tempo é gratificante para o autor imaginar, saber e sentir que sua obra pode ser vista, analisada, refletida e retratada sob vários olhares, pensamentos e vertentes. Nenhuma obra se finda somente na fonte de seu criador. Toda obra é travessia, é rio que permite vários cenários, várias paisagens, vários percursos.

Sobre a obra da minha amiga Renata, a primeira imagem que me veio à cabeça foi a de um palhaço. Os círculos em específico e as cores vibrantes e alegres me remeteram a alegria do palhaço. E uma frase de Charles Chaplin me veio à memória: "Se você tivesse acreditado nas minhas brincadeiras de dizer verdades, teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando. Eu falei muitas vezes como poeta mas nunca desacreditei da seriedade da plateia que sorria." 

A cor laranja traz um pouco do quente do sol, do sertão, o horizonte e a esperança. O azul que remete ao céu, ao mar e fortalece a aventura e a alegria. O rosa, que de acordo com um romance do colegial, segundo a psicologia, é uma cor que acalma. O amarelo vibrante que traz um toque de ousadia. E o cinza que dá a sensação da terra firme. Uma conexão de cores que expressam muito mais sentimentos e atitudes do que propriamente exibem um simbolismo oculto.  

A forma que cada espaço foi colorido demonstra a paciência e dedicação da autora, do cuidado e da visão de conexão entre curvas, círculos, espaços e fragmentos que se formam dentro de um retângulo.  

Num plano mais geral, representa aos meus olhos diversas fases da nossa travessia ao longo dos dias e da vida. Dias coloridos, dias felizes e dias sem expressão. Altos e baixos, silêncios e atitudes, paz e guerra. "Dias de luta, dias de glória" (Chorão).