“De mãos estendidas
O vejo pelo caminho onde passa
A curar feridas
Com toques e gestos sublimes
A misturar cuspi e terra
E do barro fazer o cego enxergar
De pés descalços
O vejo a caminhar...
Caminhando vai,
Rumo ao destino de amor
Sangue, suor, lágrimas e dor
Pés que deixaram marcas por onde pisaram
E de seus passos um longo caminho se abriu
De mãos e pés chagados
Peito aberto
Coração transpassado
Admiro, hesito, suspiro...
Entrebalanço o olhar no silêncio
De encontro ao mesmo olhar
Voltado àquela que seria apedrejada
Vítima de seus pecados
E de uma sociedade excludente
E percebo mais uma vez que
No toque piedoso de sua mão
No andar copioso de seus pés
E no seu olhar sublime
Existe uma mística revelada
A cada dia, em cada passo, em cada toque, em cada olhar
De um próximo, às vezes, insignificante
Aos olhares da sociedade...”