Seguro firmemente as cordas presas na árvore
Cabeça baixa, eu espero que a brisa se torne vento
E o balançar aconteça...
Ainda, somente o silêncio a me acompanhar
Já faz tempo...
Com o que deixamos de viver
Com o que poderíamos ter vivido
Dias de angústia, sofrido,
Que vem e vão, suas feridas
Tu poderia ter sido mais, sabes disso
Tão distante, de corpo e de alma
Poderia ter te arriscado mais em meu mundo
Tão pequeno perante o seu
A cada dia a lembrança fica mais distante
E a dor, ainda maior, nos coloca
Em posições de pura indiferença na vida de cada um
Tua voz a me acalmar
Tua mão a me assegurar
Tua vida em minha vida
Minha vida em tuas mãos
Ainda me sinto tão pequeno e tão só de tua companhia
Passarão os dias e não me verei maior que tu
Não me deste o que precisava, o que mais precisava
Tua presença em minha vida
Tão só, sem tua companhia
Sentado no balanço, olhos fechados e cabeça baixa
Sinto, como num sonho, que o balanço recebe um empurrão
Rezando para que sejam tuas mãos
Que a cada vez me levam mais perto do céu
É um sonho, meu pai, um sonho
Talvez, Deus em sua bondade
Me propiciou este momento
Para que me deliciasse diante daquilo
Que eu gostaria de ter vivido ao teu lado
Na esperança de encontrar-me criança
No tamanho e no coração
No pensamento e na ação
E vejo que tudo está mudado
Continuo sem te ver ao meu lado
Sofrendo... e calado...
Na distância que nos limita
Talvez não tenhamos tanto tempo assim
Para um dia, quem sabe, se der
Colocarmos em dia cada minuto da ausência
Sabe, não invejo ninguém
Por terém o seu herói por perto
Apenas, sinto a falta do meu...
Falta de suas mãos para empurrar
O balanço da minha vida..."
Perdoe-me o sentimentalismo nostálgico
Mas, a única coragem que tenho
Está aqui, neste espaço que tudo aceita
Sem me questionar, sem me apontar...
Ailton Domingues de Oliveira
09/08/12