Doce mistério
Que ronda, assonda,
arromba, assombra
Meu corpo, meu sonho, meu peito, meu
ser
Olhar que me fere
Me remete, me acomete, me acontece
Me toma e avassala, arrasa, desnuda,
descasca
Não sou mais o forte
Perco-me em minha própria direção
Perco-me em meu próprio caminhar
Profundo é esse olhar
Olhar de pecado?
Olhar malvado?
Olhar delicado?
Olhar que invade, não pergunta
Desnuda em tom de mistério
Tão doce, tão forte...
Tão longe, tão perto
Tão perto, tão longe
O lugar em que te escondes
O céu é o que nos une
O pensamento é o que nos permite
Viver por sobre os limites
Viver por sobre os limites
Da paixão, da existência,
Fronteira do querer, do sofrer
Da vontade, do não poder
Doce mistério
Que perpassa e encanta
Invade, calado,
Acomoda e fecunda
Acomoda e fecunda
Enraíza nas entranhas
Desabrocha em perguntas
De "por quês" no tempo
Por quanto tempo... ainda...
Doce, tão doce e suave
O mistério que lava,
Enxágua, purifica, leva
E também deixa sua marca
Inexplicável doce mistério...