"Nos deslizes por sobre os solos
Seus andares em plataformas
Sob vestes e sobre saltos
Em sobressaltos abrem espaço
Seus caminhos são passarelas, seus altares
Cambaleiam, envergam-se, posturam-se
Andares que vêm e vão
Alinhados, desenfreados, desesperados...
Por vezes sobrevoam em firmes pisados
Por vezes encurvam-se em lágrimas
Sem perder a confiança na postura
Nem tão frágil nem tão dura
Em passos, por vezes descompassados,
Formulam compassos, em ritmos próprios
Andares que vêm e vão
Calejados, avançados, requebrados...
Na lentidão, na pressa, na calmaria e na ventania
Erguem-se em vôos rasantes
Deixam rastros marcantes
Cada uma em sua pista
Em contínuo avanço
Tão única, tão solo, tão...
Andares que vêm e vão
Esvoaçados, aterrizados, libertados...
Andares...
Doce, sereno, suave, moreno
No frio ou no calor,
No gelado ou no fervor,
Na alegria e na dor,
No ódio e no amor
Andares que vêm e vão
Desalinhados, pesados, ousados...
Andares...
Suaves, passageiros, corriqueiros
Despretensiosos, esperançosos
Instigantes, mirabolantes, rebolantes
Compassos em passos descompassantes
Em plumas, paetês, e descalços
Tão leves, delirantes, envolventes
Andares que vêm e vão
Revoltados, atrasados, determinados...
Andares...
Só tu, mulheres,
Só tu, divinas poesias
Tão líricas, tão meigas
Tão místicas, tão...
Obras literárias,
Artes do Artista,
Inquietudes faceiras
Em prosa, em verso,
Em melodia e harmonia,
Nos contrapassos e inversos
Ainda assim, tão mulheres...
Andares...
Só tu, mulheres, os têm
E nós, pobres mortais,
Homens deste reino,
Nos resta, admirar-te
Em suas alegorias desfilar
Em sobressaltos voar
Neste sertão, neste chão
Neste céu do nosso coração
Que precisa destes vossos encantos
Neste compasso agraciado
Tão único, tão belo... inusitado
Andares, só tu, mulheres, os têm!"