quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mensalão: "Eu vi de perto, tamanha merda!"



Trabalhei numa empresa, alguns anos atrás, que de certa forma esteve diretamente envolvida na história do mensalão. Lembro-me, no início a grande parceria entre Moinho Santo André e Banco Rural. Toda a diretoria, a cúpula do banco, sempre estava pelos corredores da empresa.

A parceria surgiu num momento em que o Moinho enfrentava uma crise financeira. Má administração, gastos exagerados por parte da diretoria deste, fez com que a situação ficasse caótica. A chefia não deixava a luxúria de lado, e os outros pecados capitais também. Ostentavam-se no status e na aparência.

Desta "grande parceria", um presente de "grego", um "cavalo de troia", surgiu uma outra empresa em que o próprio Rural administrava: a Banktrade, empresa de agronegócios, matriz em SP-capital e filial em Uberlândia-MG, que teve uma curta vida de seis meses.

No estopim do mensalão, no auge da crise que abalou o país e tendo seu nome citado em todas as transações do esquema, o Banco Rural encerrou parcerias, a começar pela Banktrade e também o Moinho Santo André.

A diretoria do Moinho, ficou com a batata quente, com um rombo exorbitante, uma verdadeira engrenagem quebrada estava a girar em falso. Muitas pessoas foram prejudicadas. Não bastasse, nessa retomada, os diretores do Santo André complicaram-se ainda mais. Notas frias foram executadas e a cada dia mais e mais clientes acompanhados de advogados e até mesmo da polícia batiam à porta da empresa. Situações constrangedoras.

Uma empresa que comportava mais de 400 funcionários foi reduzida à meia dúzia de pessoas, segurando a onda de quem foi lesado dolosamente. O caos se instalara e num desses momentos até a energia fora cortada. Eu estava lá! Fui chamado para um projeto chamado DORATA, que seria, digamos, o novo nome para uma nova marca de farinha de trigo e posteriormente o nome da empresa.

Saí antes mesmo de ver a falência se instaurar. Vi tantos "esquemas", vi tanta "corrupção", sujeira grossa mesmo! Vi um bilhetinho que a diretoria do Rural escrevera o quanto que cada "bam-bam-bam" que trabalhava nos pontos estratégicos do moinho, indicado e colocado por eles mesmos, ganharia. Basicamente, oitenta por cento do faturamento ficaria como décimo quarto salário para a elite "ruralesca".

Sei que o nome do Moinho e da Banktrade foram citados no relatório de um Procurador. Dos detalhes não me cabe falar agora.  A Justiça já o está fazendo sentenciando a cada envolvido. O nome da dona do banco em questão está lá. Só o dela. Não sei se sua cúpula será afetada, mas... de qualquer forma ela nunca fez nada só. Penso...

Hoje, aguardo a resolução de um processo, que o advogado indicado na época, há cinco anos atrás, deixara ser arquivado por mais de dois anos e por mais de uma vez. Os donos do moinho, a diretoria, continuam desfilando em seus carrões de luxo. Muita gente trabalhadora ficou sem receber seus direitos por conta da má administração dessa turminha.

Na época, um dos motivos da minha dispensa, foi que eu sabia muita coisa, que a própria diretoria fazia para se beneficiar através de laranjas. Cheguei num momento caótico, onde os ditos parceiros se escondiam para que a crise não os afetassem. Fiquei e cheguei a acalmar muitos clientes lesados financeiramente e de maneira dolosa. Tratei com tantos outros advogados que representavam os seus. Até com a polícia, em certos momentos tive de argumentar. Os donos, a diretoria, apenas se escondia. Teve um que toda vez que a crise batia a porta, se escondia em psicotrópicos. Só aparecia para gastar... esbanjar.

Agora, no momento, aguardo a boa vontade dos senhores do engenho me pagarem o que é devido e de direito meu. Espero que não mais usem de sacanagem e manipulação, tais como aquelas que faziam nos órgãos competentes: influências e propinas para que processos se auto-arquivassem...

Do operário ao que delega, são muitos, em instâncias, órgãos, esferas das mais variadas. Talvez, seja por tanta "amizade" que meu processo foi arquivado durante dois anos e não bastasse, após eu solicitar ao "profissional" que cuidava do meu caso para que pedisse o desarquivamento e tocasse em frente, nada foi feito e mais uma vez o arquivo volta para um repouso, que não será absoluto. 


Não guardo mágoas. Eu guardo nomes!!! Muitos nomes...

"Assistirei de camarote toda a corja ir presa. Espero que todos os braços desse esquema recebam em pena na mesma proporção do mal que causaram. Que isso se aplique aos donos das empresas por onde o Rural tornou-se sócio, mesmo que sócio temporário..."