Sorrisos tão frios, pessoas caladas, assustadas
que vem e que vão, andam e desandam
em todas as direções, seguindo o compasso
se perdem nos passos, em busca de um prêmio
Que prêmio é este?
O que buscam?
O que querem?
O que sonham?
Não sonham mais, ou nunca sonharam
Este mundo esquisito, que já fora bonito
Que cria enganados, que já fora encantado
que vive de aparência, que já perdera a inocência
onde está o brilho do olhar
feito noite de luar?
Entrei em nave errada,
na direção oposta
perdi a linha do horizonte...
Este é o abominável mundo inumano!
Meu mundinho esquisito
que já fora bonito...
Meu mundinho enganado
que já fora encantado...
Meu mundinho de aparência
que já perdera a inocência...
Meu mundinho cruel, de algozes e ferozes
Caçadas e caçadores, como tinta no papel
O que se vê não é real
O que se assiste vira caridade banal
Felizes são eles, os que nada têm
E o que têm é a vida e o que nela se faz de bem
Não importa a quem!
Dois mundos e uma guerra
Pés no chão que andam sem alguma terra
Pés no chão que andam sem alguma terra
Há quem durma na tranquilidade de sua varanda
Há quem vigie pra não perder seu único chapéu de
samba
A letra da música exalta a quem cai, sobrevive, se
levantam
Mas cantam pro céu somente os que no templo
adentram
Destilam por aí, desfilam como se fossem escolhidos
privilegiados
Teimam a tratar os despossuídos de riquezas como
sofridos desavisados e condenados
Clamam suas súplicas, seus louvores, ostentam-se em
vaidades
Mas alegram-se os céus quando os excluídos sobrevivem à tal
humanidade...* Fotos: Ailton Domingues de Oliveira