segunda-feira, 21 de julho de 2014

Meu mundinho e seu


Sorrisos tão frios, pessoas caladas, assustadas
que vem e que vão, andam e desandam
em todas as direções, seguindo o compasso
se perdem nos passos, em busca de um prêmio
Que prêmio é este?
O que buscam?
O que querem?
O que sonham?
Não sonham mais, ou nunca sonharam
Este mundo esquisito, que já fora bonito
Que cria enganados, que já fora encantado
que vive de aparência, que já perdera a inocência
onde está o brilho do olhar
feito noite de luar?
Entrei em nave errada,
na direção oposta
perdi a linha do horizonte...
Este é o abominável mundo inumano!


Meu mundinho esquisito
que já fora bonito...
Meu mundinho enganado
que já fora encantado...
Meu mundinho de aparência
que já perdera a inocência...
Meu mundinho cruel, de algozes e ferozes
Caçadas e caçadores, como tinta no papel
O que se vê não é real
O que se assiste vira caridade banal
Felizes são eles, os que nada têm
E o que têm é a vida e o que nela se faz de bem
Não importa a quem! 


Dois mundos e uma guerra
Pés no chão que andam sem alguma terra
Há quem durma na tranquilidade de sua varanda
Há quem vigie pra não perder seu único chapéu de samba
A letra da música exalta a quem cai, sobrevive, se levantam
Mas cantam pro céu somente os que no templo adentram
Destilam por aí, desfilam como se fossem escolhidos privilegiados
Teimam a tratar os despossuídos de riquezas como sofridos desavisados e condenados
Clamam suas súplicas, seus louvores, ostentam-se em vaidades
Mas alegram-se os céus quando os excluídos sobrevivem à tal humanidade...

* Fotos: Ailton Domingues de Oliveira