quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Nossa mãe é um milagre


Milagres. Quando a ciência não tem a resposta diante do inexplicável, eis o milagre.

Dentre os corredores que pisamos, o do Hospital de João Pinheiro foi o que mais me marcou. O encontro com Jesus Eucarístico me alimentou de esperança. Senti que a Luz estava acesa em nossas vidas e que nossa mãe estava divinamente amparada.

As dificuldades burocráticas e humanas foram muitas mas as intervenções dos nossos amigos e amigas, verdadeiros "anjos sem asas", e das orações vindas de muitos cantos foram um pedacinho de céu para nós e especialmente para nossa mãe.

O medo foi implacável conosco. Sei que minha irmã Cinthia sofria pelo mesmo motivo, o de imaginar cada cantinho de nossas vidas sem o "pitaco" de nosso "Pilar". Esses quinze dias, desde a sua internação, experimentamos a dor da espera e novamente, feito obra Divina do Criador, dona Claudete supera o problema e surpreende a todos. Teve uma evolução inexplicável em seu quado clínico.

Ontem, dia 09/12/14, todo o procedimento cirúrgico teve aproximadamente nove horas e quinze minutos de duração. Uma verdadeira agonia. Ouvimos dos médicos palavras positivas acerca da cirurgia. Apesar da complexidade não houve nenhum agravante. O pós-operatório também é demorado e requer cuidados. Acreditamos que onde as mãos do homem não chegam, Deus se faz presente através das orações de cada um. É nisso que nos agarramos.

Por falar em oração, fiquei inerte e não conseguia sequer um "Pai-Nosso". Tentava falar com Deus. Pedia perdão por não conseguir sequer orar. O máximo que fazia era o Sinal da Cruz. Ainda ontem visitamos nossa mãe na UTI após a longa espera pelo fim da cirurgia. Ela nos ouvia e respondia balançando a cabeça. Em seguida passamos na capela do Hospital e, mais uma vez, diante do Santíssimo choramos e pedimos apenas por sua saúde e por uma boa recuperação para que possa continuar a nos "co-mandar" do jeito que sempre fez.

Li no Evangelho de hoje, que Jesus chamou para Si todos os que estavam cansados e fatigados sob o peso de seus próprios fardos pois N'Ele teriam descanso. Lembrei-me então de outras passagens, sempre tão tocantes e profundas em cada releitura, como a da mulher hemorroína que puxou o manto de Jesus quando ele passava pela multidão. Jesus sentiu uma força saindo de Si. A fé da mulher foi tanta que ficou curada. Noutra passagem, aquele que gritou "Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!" As pessoas tentavam intimidá-lo para que se calasse e ele gritava ainda mais alto. Jesus o escuta e a fé leva o homem à cura. São sinais, milagres que o tempo não apaga e que alimentam principalmente a nossa fé.

Inacreditavelmente quando minha mãe foi parar no quarto 112, automaticamente pensei no dia de Nossa Senhora de Aparecida, celebrado em 12 de outubro. Claro que era apenas uma coincidência mas uma coincidência divinamente boa. No dia 08 de dezembro decidem o procedimento cirúrgico mais apropriado e, mais uma vez, é o dia de Imaculada Conceição. Fatos, números, datas que ficarão eternamente em nossos corações. Enfim, já estamos com nossa fortaleza e agora entramos na etapa da "recuperação" e de muitos e muitos agradecimentos.

Por falar em agradecimento, começamos agradecendo a Deus que neste ano antecipou o nosso presente de Natal: nossa Mãe está conosco, renascida, reerguida.


Nossa Senhora me dê a mão, cuida do nosso coração que bate fora de nós: MÃE, nós te amamos! Ailton e Cinthia


Obs.: Enquanto eu escrevia este texto, aproximadamente as 13:20 horas, recebi um telefonema direto da UTI do Hospital das Clínicas. Pediram-me que acompanhasse minha mãe durante a transferência da UTI para o quarto. Avisei minha irmã e corri para lá. Ela ficou super feliz e eu com medo, pois pensei "como que uma pessoa, após uma cirurgia de quase 10 horas na cabeça, é liberada da UTI"? Ainda no caminho repensei que deveria ter a confiança e a alegria da minha irmã. "Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé!"