Ousar.
É um risco.
Fincar os pés na areia e não partir
também é.
Manter-se firme no reduto conhecido,
por medo das ondas, é uma opção.
As águas são perigosas mas, também, são
apaixonantes, viciantes.
Somente através delas se pode conhecer
outras terras, outros céus, outros saberes.
Porém se, por medo dos riscos, não se
ousar, a sentença é morrer intacto.
Intacto na inexperiência, no saber
restrito, no sonho não contemplado.
Há quem consiga apenas molhar os pés nas águas, mas quando a onda vem mais forte, afasta-se.
Há quem tente ir mais além e ao se dar
conta da distância da terra firme, o desespero o sucumbe a voltar.
Há então os que se lançam em águas mais profundas, superam as ondas, conhecem outros mares, outros ares, outros saberes, novos recantos.
Estes não se cansam das águas, nem do
tempo e das dificuldades, uma vez que o que se adquire quando se lançam são, no
mínimo, uma experiência e um conhecimento novos.
A dificuldade encontrada por quem não se permite experimentar novos saberes, nem ao menos se quer conhecê-los, se dá pela diretriz incorporada de que não existe nenhuma outra verdade que aquela que adotou para si.
Lançar-se em outras águas não significa negar sua origem ou abominar o que lhe incutiram.
Ao contrário, é dar-se a oportunidade
de agregar outros conhecimentos e experimentar outras fontes.
Fundamentar-se em seu reduto
consagrando-o como único viés plausível e capaz e desprezar o que não se
conhece, é prática fadada ao ócio por medo.
Ninguém se constrói sozinho.
Arriscar é preciso.
Ousar, mais ainda.