Resolvi morar no mundo. O
mundo é meu, é nosso. Ninguém manda nessa bagaça. Ninguém é dono de nada. Tu
não manda em terra alguma, sinsinhô! As invenções são sempre a partir deste
lugar que era vazio. Se do vazio tudo se criou, quem criou o tudo é dono do vazio.
Logo, o tudo deste mundo já tinha dono, que não sou eu, nem tu, nem vós:
imigrantes, poetas, trambiqueiros e biscates. Vou morar no mundo, se não for
nas terras deste lugar, que seja no intransponível horizonte do pensar, o meu
não-lugar.