Do tempo ao tempo
procuro meus dias
Os que passaram, os
que virão
Deitado na rede dos
sonhos
Ora agarrado na
soleira da esperança
Ironizo as dores que
o corpo carrega
E aniquilo os algozes
que o mundo impõe
Rasgo as regras que
as sociedades forjaram na lama
E aos senhores de
leis de templos e palacetes
Que manipulam
destinos em nome de si
Deturpam verdades e
promovem desesperança
Com o suor alheio de
quem sobrevive
Vendem a fé e
corrompem justiças
Meus punhos
subversivos permanecem cerrados
Debruço-me na terra
que foi regada de vida
As flores nascentes
já tem na veia o sangue
E a utopia eterna que
inflama a alma
Saúdo a história
vivida com fé
Brindo o futuro sem
rumo que espreita
E na certeza dos
passos a luta prevalece
Na saudade de um
tempo que não se vendeu
E guardou na memória
as lições que aprendeu
Nos dias de guerra,
nos dias de glória
Desapego das regras e
me apego nas causas
Se a lição deixada
continua sendo o amor
Entendível está a
banalização da mensagem
Que no final da
sentença o que se almeja é o poder
Na mente corrompida
de quem desconhece o legado
E alimenta a vaidade
de seu ego de trevas
Mas um dia esta terra
sem lei que alimenta hienas
Que para poucos foi
palco de vida e de sonho
De tempo e de
história, luta e fé
Se deitarão os justos na honra
de suas almas
Enquanto os
vendilhões dessa terra afogarão em suas lamas.