O sertão é o sozinho, é dentro da gente, está em todo lugar. Deus e eu no sertão.
quinta-feira, 5 de julho de 2018
"Por que tanta matança?"
A pergunta do título é de autoria de um estrangeiro que fazia intercâmbio, segundo informações dadas pela internet, aqui no Brasil, especificamente em Uberlândia. Em uma carta encontrada no armário da empresa em que trabalhava o africano, cujo país de origem é a República do Congo, havia uma reflexão questionando o porquê de tanta crueldade e matança entres os seres humanos, que ainda segundo ele muitas pessoas precisam ridicularizar e humilhar a sua própria espécia para se dar bem na vida. Acredito que até já o tenha visto pelas ruas e por motivos diversos, o nome não será revelado aqui uma vez que outras mídias já o fizeram, basta apenas saber que mais uma vida foi tirada de forma violenta.
Tenho enorme respeito pelos que realizam suas travessias pela vida e pelo mundo. Não é fácil deixar sua Pátria e partir, na maioria das vezes rumo a um destino incerto, em busca de um sonho que muitas vezes torna-se um pesadelo. No bairro onde moro existem várias residências de estrangeiros. São pessoas alegres, extrovertidas, imigrantes que ousaram arriscar a sorte noutro lugar acreditando que lá fora, além das fronteiras, bastaria apenas a oportunidade de se dedicar a algo para que sua vida mudasse.
Como já mencionei, a travessia não é fácil. São muitos os percalços que pairam no caminho e dificultam a continuidade do caminhar. Tive a oportunidade, ou melhor, a ousadia e determinação de realizar as minhas sendo que a mais difícil foi deixar minha cidade natal rumo à capital. O medo, óbvio que não deixou de me acompanhar, mas o sonho e a fé me encorajaram a seguir na luta. Cá estou. E por isso, por todo um contexto que não cabe em palavras, quando vejo ou conheço pessoas que fizeram algo parecido ou ainda maior, simplesmente ressalto meu respeito.
Até onde pesquisei, ainda não se sabia se o corpo do jovem imigrante seria enterrado em Uberlândia ou voltaria para seu país de origem. Penso na dor da perda que os seus familiares, que lá ficaram, estão sentindo e, pior, sem saber os motivos pelos quais sua vida foi ceifada. A investigação sobre o crime seguirá por mais um tempo e talvez os assassinos nem serão encontrados. O caso será esquecido bem antes de um próximo jogo de futebol e a dor dos seus será um sepulcro aberto em seus corações que a cada dia enterrarão um pouquinho daquele que deixou saudades.
E com essa frase, também de autoria do jovem estrangeiro, finalizo esse texto: "Para quem tem fé, a vida nunca tem fim".