No palco da vida,
abrindo e fechando
as cortinas diariamente
sigo encenando o dia da vitória
que será seguido
de aplausos e lágrimas
estas que lavarão a honra,
levarão a tristeza
e elevarão a alma
revigorando a vida,
curando as dores
revitalizando o amor...
No palco da vida
entre rios e montanhas
sigo na travessia
vivenciando cada passo
ora me sentindo sem forças
ora encontrando conforto
nos olhos alheios
que refletem o amor
rumo à outra margem
rumo ao cume
apreciando as paisagens
suportando os quedas,
as dores, as fraquezas
as feridas...
No palco da vida
por vezes o cansaço
se equipara à vontade de vencer
e noutras vezes me despeço
como se não fosse retornar
para a batalha que será última
entre o corpo e a alma
entre o medo e a coragem
a esperança é o que se sobrepõe
no entardecer de cada espetáculo
e quando a voz perde o tom
quando o único eco
é ressoado no silêncio da dor
nesse momento olho ao redor
e me deparo com um mar de amigos
que num canto em coro
fazem o coração novamente
bater em compasso
No palco da vida
que não permite ensaios
cada ato é real
mesmo diante da surrealidade dos fatos
nada é imaginário
nem a dor
muito menos o amor
não há o que superar
a não ser o tempo e suas angústias
suas esperas e suas mortes
morrer deveria ser apenas
única e verdadeira vez
porque morrer todo dia um pouco
é desumano, é injusto
mas até o último suspiro
até a última gota de sangue
que correndo pelas veias
ou escorrendo para fora do corpo
enquanto houver vida
haverá luta, suor e lágrimas
porque o amor,
ah! o amor vale a pena