Toda morte é injusta
Toda partida é sofrida
Quando o sol se põe
Dá-se o lugar à angústia
E o luto se torna eterno
O vazio que limita nosso olhar
O silêncio interior que nos consome
Misturam-se às lágrimas
E às perguntas sem respostas
Vontade de Deus?
Creio que não!
Deus é vida
Seguir o percurso é um processo natural
Tudo no seu tempo é natural
O que foge disso é intervenção
Ou omissão humana
Ou ambas...
Entre orações espontâneas e ritos
Entre o som do choro
E uma música chorada por um violino
Palavras de carinho
Para alguém que já se elevou
Que voltou para Casa
Nos braços do Pai
O tempo ali junto
Do corpo inerte e sem vida
Que representa o último encontro
A última despedida física
O último contato
É algo surreal que aflige, apavora
Como continuar a vida?
Como seguir a normalidade,
Os padrões,
Os compromissos?
Por quê?
Por quê...?!
Que a força do amor
Nos ajude a atravessar pelo luto
Que o legado de quem partiu
Nos ajude amenizar sua ausência
Que a vida que nos deixou
Nos inspire a viver o nosso melhor
Que nossas lágrimas
Sejam orações quando nos faltarem palavras
Que a dor da ausência
Nos dê força e esperança
Até nos revermos no Céu
Amém!
"O tempo que escoa não permite despedida
Todo dia ecoa uma nova chance
Todo dia destoa uma eterna partida
Há que nunca mais alcance
Viver a vida como haveria de ser vivida"
Cá de dentro (2015) - A.D.O.