O sertão é o sozinho, é dentro da gente, está em todo lugar. Deus e eu no sertão.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
"The my heroes"
Apesar de não gostar da americanização do nosso bom e rico português, hoje abri uma exceção intencionada. "Os meus heróis" veio de encontro ao pensamento que me fez velejar numa simples pergunta recebida ainda no primário, na E.E.P.G Dr. Joaquim Guilherme Moreira Porto (Piraju-SP). Creio que do pré ao quarto ano todos os mestres indagaram e incentivaram os alunos a pensar: "O que você quer ser quando crescer? Desenhe, escreva."
Alguns dias atrás, assistindo um programa de domingo na TV, ouvi uma pesquisa feita com crianças para saber o que elas queriam ser quando crescer e porquê. A maioria entrevistada, não me lembro a porcentagem, falou que queria ser "lixeiro" e todas por um simples motivo: "eles correm, pulam e se agarram no caminhão, brincam e são felizes".
Ainda nesta semana, percorrendo o trajeto para a faculdade, deparei-me com a típica cena daqueles atletas que correm praticamente durante toda a sua jornada de trabalho para retirar os lixos das portas de nossas casas. Tal cena me fez lembrar da pesquisa assistida na TV e aí aquele momento de maturação do pensamento em que as ideias e viagens entre o passado e o presente começam a tomar forma na "caixola".
A habilidade desses homens é tanta que passam correndo a pé num ritmo acelerado, pegam as sacolas ou megapacotes nas lixeiras e arremessam no caminhão em movimento. Quanta habilidade! Velocista, maratonista, saltador de obstáculos em movimento, diga-se de passagem, arremessador ou atirador com o alvo também em movimento, equilibrista [...]. Na maioria das vezes, invisíveis aos nossos olhos.
Voltando para a pergunta que um dia me fora dirigida numa sala de aula "o que você quer ser quando crescer?", pude resgatar com afinco quais eram minhas respostas preferidas. Não sei se o porquê da escolha das profissões na ocasião seria o mesmo de hoje, mas vou arriscar. Lembro de três opções que tinha como resposta: bombeiro, professor e lixeiro. Cada uma com sua particularidade: o bombeiro porque salva vidas; o professor porque os meus eram ótimos, inteligentes, cativantes e sabiam como ninguém a arte de ensinar, e ensinar com amor; e o lixeiro, simplesmente pela alegria com que passavam correndo na rua da casa dos meus avós. Toda vez que escutava o caminhão do lixo se aproximando, corria até o portão para que aqueles artistas pudessem então fazer uma graça. Lembro do rosto de alguns e que minha avó sempre servia-lhes um cafezinho.
Claro que o tempo passou e os caminhos escolhidos não me levaram a nenhuma dessas três profissões. Porém, sei que fizeram parte do alicerce dos meus sonhos, da formação do meu pensamento e, principalmente, da minha infância. Carrego comigo um respeito mais que especial por estes profissionais e valorizo muito o que eles representam na sociedade e na vida de cada cidadão.
Esses são "Os meus Heróis":