Show-Missa no acampamento de domingo!
Segunda do reavivamento da graça!
Terça da quebra das correntes da falta de dinheiro!
Quarta-feira do milagre urgente!
Quinta-feira do desencapetamento!
Sexta-feira da promessa eterna!
Sábado dos pedidos e do agradecimento total!
E por aí vai!
Dias atrás recebi um folheto de propaganda, que apesar das discordâncias na escrita assim dizia: "Venha receber o seu milagre!". Como tornei-me um exímio colecionador de propagandas religiosas não hesitei e guardei mais este.
O engraçado nessas campanhas pseudo-religiosas é que tudo parece uma promoção do tipo "quarta-feira maluca, não deixe de comparecer e aproveitar nossas ofertas!" Engraçado e esquisito. Nesse aspecto, dá pra se contar nos dedos de uma mão quais religiões não enveredaram (ainda) pelo caminho das promoções semanais.
Depois de estocar uma boa quantidade de material de campanha promocional religiosa o que mais notei foi a ausência do nome "Jesus". A igreja, o templo, a religião, a fé em si, tem um pastor ou um dono e não é o Cristo mas sim aquele famoso dirigente que se auto-intitulou como servo-escolhido daquela determinada denominação.
"O bom pastor zela por suas ovelhas", eis uma frase que está no altar da igreja do pastor fazendeiro, aquele "apóstolo" que usa chapéu e vende lencinho milagreiro; aquele que o Ratinho (SBT) desceu o sarrafo e no dia seguinte foi obrigado a se retratar, ao vivo. Essa citação traz também, além do sentido bíblico, um outro que tem conotação mais forte atualmente: que o pastor, na verdade, é o dono da igreja. E, que quem estiver sob suas asas e domínio estará protegido.
A pretensão dos líderes e pregadores das religiões em ascensão causa a impressão de que foi tão e somente a partir "dessa" religião que o mundo passou a conhecer o "milagre". Parece que antes dessa febre de pastores milagreiros, apóstolos super dotados, de padres pop stars, e pregadores do além, não se existia Deus. Deus, Jesus, ainda viviam no anonimato.
Num determinado retiro, um pregador desses que berram "amém-aleluia-glória-amém" fazia ali sua devida "pregação". Como Católicos, aguardávamos a chegada do "Santíssimo". Seria a adoração, ao qual o padre faria a condução naquele momento. Pergunta se o homem da pregadura das palavras se importou em pausar sua falatória? Humildade?! Nem senso houve!!! Foi um desfecho inusitado. Resumindo: não houve adoração. O "Santíssimo" foi recolhido para a capela onde já estava sendo exposto. E os coordenadores do evento ficaram com cara de "ó" (...)!
Hoje qualquer um pode se intitular um pregador - título também em alta no mercado da fé. Basta berrar, gesticular, dramatizar, chorar, emocionar e o mais importante fazer as pessoas se emocionarem. Seja um bom vendedor e venda o seu peixe! Simples assim!
Eu, ainda prefiro os profissionais das artes cênicas que estudaram para levar o humor, a dor, a verdade, a poesia, a vida através da arte. Ser famoso é uma questão de profissionalismo e competência, resultado adquirido com empenho e amor. Bem diferente dos profissionais da fé: péssimos artistas, pra não dizer falsos moralistas, que discursam em causas financeiramente próprias.
Améimmmmmm!!!