Vês
A boca fala
A língua destila
O coração por vezes não condiz
Não aceita o que se externa
Em seu íntimo ferido
Guarda as mazelas
Guarda um saldo de esperança
Perde-se nos pensamentos
Tropeça-se nos sentimentos
Vês
Ouves nada mais
Nada importa-lhe saber
Acreditas nas conjunções
Fórmulas de sua cabeça
Verdades ou mentiras
É o que lhe vale como sentença
Deturpa-lhe a mente
Quando encontra a boca que mente
Não suporta a falta
Nem a ausência de seu controle
Vês
É sol que desponta
Desperta e aquece
Liberta-te do cativeiro
Do coração de menino
Sensível maduro
Inconsequente e traquino
Não há muros
Nem cercas
Nem dispensas
Nem orgulho
Vês
É a chegada da noite
O escuro da morte
Ou o encanto dos versos
A proeza tão mágica
Que dá vida às asas
É o palco do encontro
O firmamento infinito
Eterno e bonito
Testemunha a história
VêsDesnuda-te de tuas vestes
Arranca-te de tua carapaça
Enxerga-te em tua forma
Mostra-te a que veio
Não és armadura
Nem só maquiagem sobre máscaras
Sejas o que és...