O tempo me surra com longos dias
e intermináveis noites
Uma dor que dilacera o viver
e retira as forças
Minha única oração
é para que Deus
acabe logo com isso
Ou me deixe partir
Ventos e chuvas
sol e frio
o silêncio me dói
o barulho me desestabiliza
vazio sem fim
Eu,
que sempre busquei o caminho das compreensões
Do que era "bom e justo",
sou incompreendido e mal avaliado
por instituições que tem a obrigação
de serem justas e imparciais
péssimos profissionais
pessoas desumanas,
desalmadas
Eu,
que sempre mergulhei nas profundezas do pensamento
e emergia escrevendo sobre esperança e vidas,
porquês e talvez, fé e poesia,
sou desonrado por uma pessoa ardilosa
E que, não conseguindo ter o meu amor,
quis apagar a minha alma
e roubar a minha vida
Já nem sei se estou vivo, esperando a morte
Ou se morri e estou vendo um reprise
de minhas dores
Eu,
que nunca gostei do descarte e do desperdício,
que enxergava algo novo
diante daquilo que estava jogado
reinventava, recriava, redecorava,
dava cor e vida,
de repente, me sinto o próprio descarte
Não há dias claros...
Não há dias sem lágrimas...