Na sobrevivência de outras lutas, outras vidas
Tornei-me combatente fiel de meus propósitos
Deixei pelo caminho dores, flores, amores
E carreguei na mesma proporção
Cá em mim um pouquinho do que me foi dado
Aprendi a ver a vida com a luz daquele olhar
E me perdi na escuridão quando não mais o vi
Talvez o tempo não nos dê tanto tempo assim
Talvez o tempo tenha te afastado de mim
Por vezes, não sei mais quem eu sou
E o que sei são pelos olhos de quem me amou
Dos que me conhecem de forma absoluta
Sorrio pelo sorriso espelhado das lembranças
De uma história de contos, real, inacabada
Que em outro tempo, noutra era foi começada
Diante de tantos combates, cicatrizes me acompanham
O relógio se descompassa no tempo
O violão teima em desconsiderar meus acordes
E os bilhetes coloridos se desbotaram em lágrimas
Ficaram marcas, lembranças e saudades
E sonhos, muitos sonhos
Pra recomeçar...
Do que fui já não me lembro mais
Inquietudes que vibram meu corpo
Agarro-me na imensidão de um vazio persistente
Entre lampejos de esperanças
E gotas de alegria quando o sorriso me alcança
Já não me esforço por me explicar
A opinião indifere ao meu pensar
O meu brilho se apagou naquele dia
Que me roubaram o direito da alegria
Desde então, vagueio no deserto
No concreto, na vida, na lida
E me reencontro em devaneios passageiros
Quando aos poucos consigo ainda sonhar
Ficaram marcas, lembranças e saudades
E sonhos, muitos sonhos
Pra recomeçar...