quarta-feira, 28 de abril de 2021

Pra recomeçar


Na sobrevivência de outras lutas, outras vidas

Tornei-me combatente fiel de meus propósitos

Deixei pelo caminho dores, flores, amores

E carreguei na mesma proporção 

Cá em mim um pouquinho do que me foi dado

Aprendi a ver a vida com a luz daquele olhar

E me perdi na escuridão quando não mais o vi

Talvez o tempo não nos dê tanto tempo assim

Talvez o tempo tenha te afastado de mim

Por vezes, não sei mais quem eu sou

E o que sei são pelos olhos de quem me amou

Dos que me conhecem de forma absoluta

Sorrio pelo sorriso espelhado das lembranças 

De uma história de contos, real, inacabada

Que em outro tempo, noutra era foi começada

Diante de tantos combates, cicatrizes me acompanham

O relógio se descompassa no tempo

O violão teima em desconsiderar meus acordes

E os bilhetes coloridos se desbotaram em lágrimas

Ficaram marcas, lembranças e saudades

E sonhos, muitos sonhos

Pra recomeçar...

Do que fui já não me lembro mais

Inquietudes que vibram meu corpo 

Agarro-me na imensidão de um vazio persistente

Entre lampejos de esperanças 

E gotas de alegria quando o sorriso me alcança

Já não me esforço por me explicar

A opinião indifere ao meu pensar

O meu brilho se apagou naquele dia

Que me roubaram o direito da alegria

Desde então, vagueio no deserto

No concreto, na vida, na lida

E me reencontro em devaneios passageiros

Quando aos poucos consigo ainda sonhar

Ficaram marcas, lembranças e saudades

E sonhos, muitos sonhos

Pra recomeçar...