"666". Uau! Este é o escrito de número seiscentos e sessenta e seis. Pensei em usar o próprio número como tema mas, parei, pensei e recuei. Haveria um certo risco de deparar-me com uma comitiva inquisidora pronta pra me levar ao julgamento. Eu seria obrigado a renunciar o meu pensamento, pedir perdão pelas palavras usadas, ser pendurado em praça pública, uma fogueira pronta pra me consumir e com a gran'sentença da ex-comunhão institucional, etc.
Putz! Viajei legal! Nada disso sô! Apesar da sensibilidade exacerbada de alguns radicais, creio que não chegariam a tanto. Levando em conta que o próprio Moreno de Nazaré, Jesus, não sentenciou a ninguém, tampouco ex-comungou, o que pensam as mazelas do poder religioso não me incomoda. Relaxem que dói menos!
O "meia-meia-meia" seria o quê, então? Algo cabalístico? Apocalíptico? Os sorrateiros doutos da fé têm uma interpretação leviana e amadora. Utilizam o tema e suas nuances para armar um circo sobre seus altares. Um verdadeiro espetáculo forjado por oportunistas que objetivam holofotes, ibope e renda. Casadinha mega-infernal, por sinal. Ou, conspiração religiosa, pois precisam evidenciar o mal para que seus mega poderes sejam televisionados.
Em poucas inteiras palavras a Bíblia trata o 7 como o número da perfeição, portanto que representa o Bem, Deus. O 666 é a imperfeição que representa o mal, portanto nunca atingirá o estado perfeito. Do mais, é conversa midiática pra vender shows, CD's melodramáticos, e livros de auto-ajuda. As instituições precisam se manter, principalmente no que tange a vaidade de seus líderes.
Pegando um gancho do grande poeta dos sertões, João Guimarães Rosa, faço agora minha travessia nesse enlace escriturístico a provocar a sã demência dos livre pensadores, contrapondo a hipocrisia disfarçada dos mestres da lei e a "bestage" dos alienados à supra-corte hierárquica.
"O sertão é o sozinho, é dentro da gente, está em todo lugar (G. Rosa)." O sertão habita no universo de cada homem tanto quanto o bem e o mal que ele pode nutrir. O chão deste sertão é livre, quase terra sem lei ou terra de ninguém e nele se planta o que melhor lhe há de convir. Cada um planta o que tem. Se bom ou ruim, o gosto do fruto depende da escolha.
Por isso, a questão da existência do mal em tudo quanto é coisa que existe no sertão desse mundão parte muito mais da eloquente necessidade que muitos neuróticos da fé cultivam em si. Travar aquele espetáculo apocalíptico, típico de batalha de juízo final, ou star-wars, é indispensável para que na contra medida os experts da fé expunham seus multi poderes paranormais. E assim se dizem ungidos, poderosos, milagreiros. Os justiceiros do apocalipse, gladiadores do altar, e outras entidades pseudo cristãs são como os grandes inventores de anti-vírus. Primeiramente criam o vírus. Posterior, criam o antídoto e o vendem inescrupulosamente. É o sistema. Isso sim é uma conspiração de ordem social e com objetivos capitalistas e consumistas.
O fantasma do sertão de nós está extravasado do lado de dentro. Ele não se alimenta por si só. Requer trato especial, ou seja, quanto mais enfoque se dá mais ele se fortalece. Prático e necessário para a atualidade evidenciar o diabo. Pena que os sistemas de teologias usadas nos mercados religiosos servem apenas para massificar e alienar os seguidores. Construir uma cadeia de pensadores é escolha que atrapalha a fluência das valorosas bolsas religiosas.
Se a liberdade consiste em escolher o caminho, não há que insistir em endiabrar o sistema. O sertão está em todo lugar, está dentro de cada um. Nele, como todo homem que se é criação, a presença do bem e do mal existe. Da escolha de qual lado prevalecerá no controle é que dependerá a sobrevivência do errante solitário no sertão deste mundão. "Deus e eu no sertão."