Para
ter uma experiência do Sagrado é necessário passar pelo crivo da religião?
Necessariamente
não. Ela é um dos caminhos existentes para se experenciar com o Sagrado, mas
não se encerra em si mesma como única opção.
A
religião, em suma, deveria ser o caminho fiel para a pessoa conectar-se com o
transcendente. Pode-se dizer que o é enquanto fonte de libertação ou não o é
enquanto fonte de alienação. A linha que separa libertação de alienação é
tênue. Ao mesmo tempo que a experiência com o Sagrado através da religião
permite à pessoa liberta-se, de si mesma ou de opressões externas, poderá
também ocorrer o oposto. Um único indivíduo corre o risco de passar por ambas
as experiências repetidas vezes. Há que se considerar então como um verdadeiro
círculo vicioso.
O
que torna uma pessoa capaz do Sagrado não é necessariamente a religião. Esta,
enquanto caminho e com seu fiel sentido de "religar", proporciona
meios para um encontro imanente-transcendente.
Usando
como exemplo apenas o cristianismo, pode-se dizer pautado na tradição escrita
onde Jesus afirma "Eu vim para que todos tenham vida", que não há
nenhum privilégio de salvação somente para as pessoas que seguem alguma ou
determinada religião. Neste pronunciamento do Nazareno manifestado a todos não
ocorre nenhum tipo de acepção de pessoas. Todos, simplesmente todos têm direito
à vida e não somente os que estão inseridos em determinada denominação
religiosa.
A
experiência com o Sagrado deve transcender e superar todo e qualquer obstáculo.
Se existir alguma regra imposta para a pessoa atingir o ápice desse
"religamento" com o Transcendente há que se considerar a mesma como
uma alienação mascarada. É o ópio oferecido de maneira disfarçada. Em
contrapartida a religião deve permanecer fiel em seu caminhar, sem engessar-se
em exageros e ao mesmo tempo propiciar a leveza do encontro com o Sagrado,
melhor dizendo, com Deus. O papel da religião é criar de maneira simples este
espaço de aproximação e experiência.
Particularmente,
enquanto cristão e praticante, não preciso estar sob as asas da instituição
para conectar-me à Deus. Professo minha fé Católica ciente do que tange as leis
da Igreja, a Palavra de Jesus e a minha consciência humana. Respeitar os
diversos tipos e possibilidades de encontro com o Sagrado é acreditar que a
salvação está para todos tanto quanto este Transcendente que tudo criou.
Ailton Domingues de oliveira
IV Período Teologia - Trabalho de Filosofia da Religião – Prof.º Márcio Fernandes
Faculdade Católica de Uberlândia – Mar/15
IV Período Teologia - Trabalho de Filosofia da Religião – Prof.º Márcio Fernandes
Faculdade Católica de Uberlândia – Mar/15