Havia um propósito. A missão foi
cumprida com suor, lágrimas e sangue. Seu destino? Morte de cruz. Antes porém,
muita tortura, insultos, cusparadas, chicotadas, bofetões e um bando de
carniceiros que representava a moral. Pessoas de destaque na sociedade que
tinham peso em suas falas, mesmo se fossem falsas.
A última ceia é o ápice. Referência
maior do amor e da caridade. Despojamento total de Si. Entrega. Ali, seus
amigos, traidores e covardes, partilham o pão e o vinho. Angústia que precede o
medo. Dor maior ao receber o beijo. A emboscada estava armada. Começaria então
o Seu calvário.
O processo que resultou na morte de
Jesus estava amparado pelas leis. O episódio orquestrado pelo sinédrio foi uma
conspiração para calar a voz Daquele que questionava as leis de seu tempo.
Homens do poder nunca admitiram que um filho de carpinteiro tivesse tanto
conhecimento de causa e ousadia nas palavras. Todas as vezes que tentaram
fazê-Lo cair em contradição o Moreno de Nazaré os deixava perplexos com sua
sabedoria.
De Pilatos a Herodes, de Herodes a
Pilatos, Jesus foi ultrajado e humilhado. O povo foi incitado a clamar por sua
morte. Os mestres da lei tinham essa maestria. Eram políticos, sumo sacerdotes.
Entre um bandido condenado e um revolucionário que dizia a verdade e
questionava as estruturas políticas e religiosas, optaram pela soltura de quem
já estava impregnado pela corrupção. O filho do carpinteiro seguia rumo ao seu
martírio.
A morte de Jesus foi também um evento
portentoso para servir de lição a todos os que pudessem atentar contra a lei.
Nada poderia depor contra a lei e os que a representavam. Haviam questões
políticas, sociais e religiosas envolvidas. Abrir os olhos do povo à justiça e
conduzi-los à sua liberdade, direito divino por sinal, era um perigo real.
Em extrema força os soldados abriram
seus braços e o pregaram sobre a cruz. Fato que olhares românticos não enxergam
e pensamentos mágicos não percebem. Torturado e questionado até o último
instante, ainda assim não voltou atrás em nada do que havia dito. Honrou sua
palavra até o fim.
A conspiração armada visava manter a
estrutura de poder intocável. Se o descrédito às leis da religião se
entranhasse no meio do povo aqueles doutores da lei, sumo sacerdotes ornados de
pompas, orgulho e vaidade, estariam literalmente sepultados vivos em suas
túnicas. Acreditaram que calando o "Profeta do povo", o líder, tudo
deveria voltar ao seu devido leito. Essa era a ideia. Porém, a história
mostra que as palavras desse revolucionário e libertador ultrapassaram séculos
e continuam ecoando a todo tempo.