Como administrador eu entendo as igrejas como instituições sem fins lucrativos. Assim deveria ser, somo via de regra. Mas, o que a realidade mostra são empresas isentas de impostos que hoje estão inseridas em outros setores influenciando o andamento do país. Perdeu totalmente a identidade de sua atividade fim. Uma empresa é um negócio. O mercado da fé está em alta.
Como teólogo entendo que as múltiplas denominações religiosas multiplicaram exponencialmente. A questão da fé ficou em segundo plano. Há um certo modo operante típico de um medievalismo que aplica o medo como meio de dominação da pessoa, esta que, muitas vezes cegada pela inocência, sucumbe aos caprichos de seus líderes. A função das religiões (religare) se perdeu diante do fanatismo, do ultra conservadorismo radical, das aberrações proferidas por diversos líderes bilionários, e se tornou uma verdadeira máquina de alienação. Quanto mais cegos alienados maior a continuidade e a rentabilidade.
Como estudante de psicologia, ainda me faltam argumentos científicos para expor minha óptica mas arrisco dizer que os líderes religiosos, em sua maioria, trazem o mesmo discurso, o que impõe regras, causa medo, e pune com sentenças do além a todos os que pisam fora da margem estipulada pela instituição. Tais líderes são capazes de causar histeria coletiva, cegueira intelectual e alienação exacerbada.
A religião que vive a pregar contra minorias sociais e outras religiões tem em seu cerne não os fundamentos cristãos de edificação de si e da comunidade, o amor em si, mas a estratégia escancarada para disseminação de ódio e guerra, reforçando uma rivalidade sanguinária contra quem exerce sua fé de maneira diferente. O que mais presenciamos hoje nos cultos e celebrações ditas religiosas são pregações contra a fé alheia e não mensagens edificantes de amor e paz, perdão e alegria. Acusa-se de obras demoníacas tudo aquilo que está fora dos redutos daquela denominação. Não veem as pessoas de outras denominações e fé como irmãos de uma mesma e única pátria, mas como concorrentes, adversários e até inimigos. A luta dessas atuais pseudorreligiões é a busca incessante pela dominação global, o controle absoluto de poder, status e dinheiro.