“O Deus de Abraão deixa explicitamente claro o preceito dado a ele: ‘guarda a minha aliança, tu (Abraão) e a tua descendência para sempre’. (Gen. 17,9)
O pacto que Deus faz com Abraão, o compromisso, a Aliança, foi uma promessa sem igual, devido ao respeito que ora Abraão mantinha com Ele.
Guardar a Aliança é antes de tudo honrar tal compromisso estabelecido, bem como viver na honradez, respeitando os preceitos de Deus.
Reforçando essa tese de que Deus tem esse compromisso e é fiel ao povo que o escuta, no antigo testamento (Gen. 17,3-9), Jesus vem reafirmar a Aliança no novo testamento (João 8,51) ‘se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte’.
Guardar a ‘Aliança’, guardar a ‘minha palavra’. No primeiro testamento Deus fala diretamente a Abraão e garante a sua vida e a de sua família. No segundo, Deus fala através de Jesus, prometendo a vida eterna para quem ouvir a Sua palavra.
Ao professar tais palavras Jesus foi acusado de ser um endemoniado, um herege. Foi motivo de zombaria. Não foi levado à sério pelos doutores da lei, ao contrário, foi um grande incômodo, e no íntimo deles gerou-lhes o medo.
Foi considerado um ousado, um revolucionário, um perturbador da ordem. Suas palavras libertadoras vinham de encontro com uma sociedade alienada por seus governantes. Ao romper a barreira do poder e dar significado à vida e vida ao povo foi necessário impor-lhe o silêncio, nem que o preço fosse a morte.
Quanto mais falava de Sua Paternidade Divina, do Deus que ora chamava de Pai, e que Dele era Um enviado, mais aguçava o ódio dos judeus.
Gritavam eles dizendo que ‘mesmo Abraão, um profeta já havia morrido, quem dirá ele, Jesus, sobreviveria vencendo a morte’. Os judeus O ironizavam. O consideravam um desordeiro que queria ser maior do que qualquer outro profeta já existido. Quanto mais Ele falava de maneira íntima de Deus, Seu Pai, mais irritados eles ficavam.
O momento mais tenso se deu quando Jesus se referiu a Abraão, afirmando que já existia antes mesmo dele. Falar dos que eram tidos como ‘homens de Deus’, os profetas, de maneira íntima e despretensiosa, sem dúvida tornava aquele gesto aos olhos dos judeus mais que uma afronta.
‘Antes que Abraão existisse Eu sou.’ Este foi o estopim daquele momento. Foi preciso que Jesus se escondesse e saísse do templo. Acredito que, por mais que soubesse dos seus desígnios, dados por Deus, mesmo assim sentiu medo. Medo de sofrer antes da hora e de repente ver seus projetos acabarem ali.
Jesus foi humano, e como tal sentiu as sensações que nós sentimos. Angustiou-se com as injustiças, sofreu com o sofrimento e a dor dos outros, compadeceu-se dos excluídos, teve amigo e foi traído e abandonado.
Jesus, simplesmente, o rosto humano de Deus, foi e continua sendo a Aliança Única de vida eterna...”
Ailton Domingues de Oliveira
14/04/11