A terceira visão. Faz-se necessário quebrar alguns protocolos de meus devaneios escritos. Explicar (-se). Ou, na verdade mostrar um algo que não atingiu ainda o pensamento de quem leu. Não é uma crítica a quem teve outras visões. Aliás, isso é ímpar e contributivo para quem teceu as ideias e escreveu. Entendamos assim que essa terceira via é de fato alguns relatos do pensamento do autor. Manter o mistério do sentido original de cada escrita é, talvez, a única regra deste espaço. As experiências que retornam de cada um (a) que se atreveu a participar das linhas e entrelinhas é magnífico.
Nesse caso, em específico, faço questão de direcionar algumas razões e
emoções que penderam durante a escrita das Cartas em Tempos.
Direcionar não é decifrar os pormenores. Entendamos bem isso, pois, se a cada
texto ou livro que é publicado diariamente pelo mundo vier um manual ou roteiro
com as devidas explicações e motivos que levaram o autor a produzi-lo, a obra
em si não teria a menor graça. Bastava ler o resumo (o manual).
A primeira via de fato são as questões abordadas em cada
carta. Elas partem da ordem social, política, econômica, financeira, religiosa
e se desembocam num cenário de guerra. Esta porém nem sempre acontece com as
armas em punho. Não deixam, também, de serem grandes batalhas contemporâneas.
Cada personagem tem um pouquinho do outro. As questões se entrelaçam.
O que de mais profundo posso deixar é que tudo foi devidamente pensado
num sonho. Imaginar um sonho e pensá-lo. É um ato de introspectar-se e ao mesmo
tempo sair de si. O ambiente "sonho" permite o enlace das trocas de
cartas. Por isso, estão todos cientes dos outros cenários, praticamente em
tempo real. Todos os personagens as leem.
Ao mesmo tempo pode-se também imaginar que é um único herói e algoz, ao
mesmo tempo, protagonizando todas as histórias ali vividas. Um único personagem
capaz de estar em todas batalhas. Atenção para o herói que é também algoz, de
si mesmo! O inimigo declarado é outro, é externo e como já citado acima, pode
ser social, político, religioso, financeiro e econômico.
A maior luta acontece no consciente deste protagonista que a cada carta
envereda-se de uma nova guerra. A crença de um personagem é a descrença do
outro. A esperança, a utopia que brota de um lado, desaparece de outro. O sonho
que é retomado pelo retorno à vida é morto por aquele que não quer mudança.
Altos e baixos de um único ser, que na vida diária, persiste e desiste, ganha e
perde, vive e morre.
Dizer que não há nada de si, do autor, nas cartas que precederam A
terceira via seria uma inverdade. Há mais do que pensamentos. Há
sentimentos declarados. Viver é uma aventura mas é também uma guerra constante.
Falar de sentimentos enquanto o mundo se despenca em valores materiais é uma
insanidade. Mas, me disseram, porém, que aos poetas tudo é permitido. Poetas
vivem em mundos paralelos, em outras vidas. São manhosos, sensíveis, inquietos,
românticos e brigões. Será?
Enfim, encerrando esse diálogo com os leitores que se entrelaçaram com
as cartas, digo que A segunda via são os olhos de cada um de vocês.
O retorno nem sempre me veio através do espaço que o blog permite responder.
Muitos fizeram questão de formalizar via email, nas redes sociais e até nas
rodas de conversa. O olhar apurado de quem lê traz uma visão, um cenário, por
vezes inimaginado pelo devaneio do autor. A todos, muito obrigado! Terno
abraço...