Caminho por entre as cruzes no infinito
de um silêncio sepulcral
Um deserto eternizado na memória que
foi de flores e de amores
Em cada passo me despeço da vida que um
dia foi-se
A me encontrar em outros passos, outros
braços talvez
E na desesperança que invade os dias
sem sol, sem céu
Renasce no peito ardente uma chama
irrigada pelo pranto
Na solidão, que em minh'alma grita,
inquietante, delirante
Escalo o topo mais alto de meu ser
transpondo medos e limites
A canção que agora ensaia em tons de
emoção, sem razão
As notas reverberam na memória em um
gesto de amor
O que se escreveu, eternizou-se em
utopia, na travessia
Meu herói foi um vilão que aniquilou
meus sonhos
Minhas feridas calaram-se no caminhar
sob a ingênua lua, tão nua
E as chuvas lavaram minha honra na
labuta com suor e dor
Na plenitude desses dias desfiz com dolo
os meus trapos e refiz os passos
E do que me faltou na vida, na guerra
ou no amor
Ela mesma deu-me a chance de plantar
uma nova flor...