Meu inquisidor de nós dois
Quanto mais me
entrego ao silêncio
Mais o barulho
teima explodir em mim
E o estrago é
grande
Não fiz escolha
alguma
Ou, se fiz, não
sei mais qual foi
Só sei que aqui
estou
Resultado do que
trilhei
Quando consigo,
encontro a janela
E arrisco olhar
por ela
Vejo verde, vejo
azul
Ouço a água
batendo na pedra
Ouço pássaro
cantando
Então vislumbro
a montanha distante
É lá que eu
quero estar
Vejo então a
esperança aproximar
É o passo ao
horizonte
Um frescor de
novos ares
Voltando a
sonhar
Que eu não morra
em utopia
Nunca pedi para
ficar
Se queres partir
Que vá
Mas te peço
Não me esqueças
Ou mesmo que
quisesse
Nossa história
não permitiria
Corpo e alma
Razão e emoção
Foram feitos em
conformidade
Tem horas que
penso
Que o preso és
tu
Desta vez, por
fora
Tempo?!
O tempo é
aniquilador
Fé?!
A fé é resposta
pra desesperança
Ouses tu trocar
de lugar
Viva o oposto de
teus dias
Coloque-se onde
estou
Hoje,
simplesmente
Quero ousar não
dizer nada
Em tempo ainda
Exijo respostas
do tempo já vivido
E espero num
tempo sofrido
Entender o
futuro perseguido
Vivo numa fuga
intensa da dor
Do tempo que
ainda resta para entender
E livrar-me de
meu algoz
É livrar-me
deste calabouço
Aqui jazem e
vigiam-me
Os meus piores
inquisidores